O vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, que tocava na boate Kiss, em Santa Maria (RS), no momento do incêndio que causou a morte de 242 pessoas, afirmou que o sócio da boate o autorizou a utilizar fogos durante o show e negou ter apontado o artefato para o teto, como testemunhas relataram à polícia.
"Não era a primeira vez que a gente fazia", disse Santos em entrevista ao programa "Fantástico", da TV Globo, sobre os fogos utilizados no show.
Um dos sócios da boate, Elissandro Spohr, o Kiko, havia dito ao programa, na semana seguinte à tragédia, que não sabia que a banda utilizava fogos em suas apresentações e que, se soubesse, não autorizaria.
"[Kiko] Está mentindo", afirmou o músico.
Além do vocalista e de Kiko, mais duas pessoas estão presas desde o dia seguinte ao incêndio: o produtor da banda, Luciano Bonilha Leão, e o outro sócio da boate, Mauro Hoffmann.
Os integrantes da banda são acusados de usar o artefato pirotécnico que iniciou o fogo. Já os sócios da Kiss, de não terem adotado a espuma antichamas no isolamento acústico do local.
O vocalista afirmou que não apontou para o alto o artefato, que estava preso a uma luva, conforme relataram testemunhas. Ele disse apenas ter feito um movimento lateral com o braço.
Ainda segundo o músico, o dono da loja de fogos que vendeu os materiais disse que eles eram seguros.
"Ninguém é bandido para fazer aquilo", disse, chorando. "É a mesma coisa que estar com uma faca cravada no peito e não poder tirar", afirmou, ao descrever como se sente.
NOVA VÍTIMA
Morreu na madrugada de ontem mais uma vítima do incêndio na boate Kiss, em Santa Maria. Agora, são 242 as vítimas da tragédia, ocorrida no dia 27 de janeiro.
Mariane Wallau Vielmo, 25, cursava Sistemas da Informação no Unifra (Centro Universitário Franciscano), em Santa Maria, e estava internada na UTI do Hospital de Clínicas de Porto Alegre desde o dia do incêndio.
O hospital, onde ainda estão internadas outras três vítimas, não informou a causa da morte. O corpo da estudante deve ser sepultado hoje.
Oito pessoas respondem na Justiça pela tragédia, sob acusação de homicídio doloso qualificado (em que se assume o risco de matar) e tentativas de homicídio.
Nenhum comentário:
Postar um comentário