quinta-feira, 27 de junho de 2013

DILMA NÃO TEM UMA BOA ASSESSORIA.


   1. A Reforma Política é mãe das reformas no Brasil. Agora, mais do que nunca, sabe-se disso diante dos protestos que estão nas ruas, embora venha de longo curso o fato do Congresso Nacional ter se distanciado da população, muito corporativista, e legislar de costas para os anseios populares. Salvo raras exceções, as leis votadas no Congresso estão sempre atreladas a interesses das corporações, sem olhar para as necessidades do povo, tanto que o transporte coletivo, móvel dos iniciais protestos, sempre foi relegado a um terceiro plano.

   2. Isso não se dá só com o Congresso Nacional, mas, também, com a maioria das Assembleias Legislativas dos Estados, as quais, normalmente, votam projetos empacotados dos executivos, muitos deles sem o menor debate com a sociedade como tem acontecido, frequentemente, na Bahia; e também das Câmaras de Vereadores. Em Salvador, recentemente, foi votado um projeto de Reforma Tributária para arrecadar mais. E, hoje, na ALBA o caráter de urgência para empréstimo de US$2.1 bi ao governo do estado, sem debates.

   3. A presidenta Dilma tenta de alguma forma direcionar uma pauta que possa aliviar as tensões, seu governo perdido nesse "tiroteio" e até sendo boicotado por fogo amigo palaciano, ainda se comporta como se fosse tomada de surpresas ou que o PT estivesse no governo apenas neste ano, quando, na realidade, comanda o governo central há uma década. Cria, assim, um gesto de impacto com a Reforma Politica, que vai depender muito do Congresso Nacional, e deixa as questões governamentais em segundo plano.

   4. A população, em grande parte, não sabe exatamente o que significa uma Reforma Politica. No meio jurídico, esse é um debate que suscita muitas dúvidas, se pode ou não se fazer uma Constituinte exclusiva para uma reforma direcionada. Veja que o governo, após encontro da presidente com a OAB já pensa numa alternativa a proposta inicial, sem, necessariamente, passar por uma Constituinte. Já sepultou sua proposta inicial (ou tirou o bode da sala) segundo seu novo porta-voz, Aloisio Mercadante.

   5. Acontece que o governo federal tem maioria no Congresso, mas, essa maioria é aparente. Até Renan Calheiros, ele mesmo, o presidente do Senado, tira uma lasquinha na presidenta e diz que vai propor redução de Ministérios e passe livre. E o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, já disse que Constituinte no modelo proposto por Dilma não passa.

   6. Longe deste debate, a população gostaria, preferencialmente, de ter respostas mais imediatas aos seus anseios e que são objetos de ações governamentais, como o controle da inflação, uma politica econômica de melhor qualidade e que contemple o setor produtivo, novos investimentos, e redução dos gastos públicos com tantos órgãos governamentais que só servem para gastar o dinheiro do contribuinte.

   7. O governador Geraldo Alckmin, de SP, o qual inicialmente esnobou o Movimento Passe Livres, ainda falando de Paris, caiu na real e tem adotado medidas imediatas mais compreensíveis à população, como a redução das tarifas dos transportes públicos (medida também adotada em outros estados) e congelamento dos preços dos pedágios no Estado de São Paulo.

   8. Por enquanto, as falas de Dilma à Nação não convenceram, salvo a segmentos palacianos e a sua base governamental, e nem amainaram a população. Na quarta-feira, jogo do Brasil x Uruguai, programa-se um mega-protesto no caminho do Mineirão e só de PMs já foram escalados 5.000. Veja, portanto, que a situação ainda é muito confusa. Nesta terça, favelados da Rocinha marcharam para a residência do governador Cabral, no Leblon.

   9. É isso: uma situação vai puxando outro num novelo sem fim, até que os governos acertem os passos. A impressão que se tem é de que a presidenta está sem uma boa assessoria à sua volta.

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