domingo, 22 de setembro de 2013

LULA JÁ NEGOCIA APOIOS PARA A CAMPANHA DE DILMA EM 2014



O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta fazer alianças para 2014
Foto: Michel Filho
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que tenta fazer alianças para 2014 Michel Filho
BRASÍLIA - Depois de recolhimento temporário, o ex-presidente Lula voltou a entrar de cabeça nas articulações pré-eleitorais e tomou para si a tarefa de negociar palanques para a campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff. Ele vem tentando agradar aos aliados e orientar o PT.
Seus conselhos, no entanto, nem sempre são ouvidos. Um exemplo foi a saída do PSB do governo na semana passada, que ele agora tenta administrar para evitar maiores danos à sucessão da petista.
Presidente do PSB, o governador Eduardo Campos (PE) atribui ao ministro Aloizio Mercadante (Educação), braço-direito de Dilma, e ao presidente do PT, Rui Falcão, a responsabilidade pelo processo de hostilização que o teria levado a entregar os ministérios da Integração Nacional e dos Portos, além de cargos de segundo escalão, e dar um passo concreto para o lançamento de sua candidatura à Presidência da República no ano que vem.
— Agora vai cair a ficha lá que quem estava articulando isso jogou a presidente em uma esparrela. Ela foi indo em quando viu, estava na beira do boqueirão — disse Campos a correligionários após encontro com Dilma na quarta-feira.
Enquanto Lula recomendava ao PT e à Dilma que não “satanizassem” Campos, de olho em uma aliança no provável segundo turno das próximas eleições, a presidente teria sido aconselhada por Mercadante, dirigentes do PMDB e Falcão a tirar do governo o ministro Fernando Bezerra, afilhado político de Campos, já que o socialista vai disputar com ela no ano que vem.
Na reunião da Executiva Nacional do PSB, na última quarta-feira, Bezerra disse que a gota d’água, que precipitou o desembarque do governo, foi a notícia, veiculada na imprensa na sexta-feira anterior, de que Dilma daria seu cargo ao PMDB.
Após conversar com Eduardo Campos, ele telefonou para Mercadante:
— Está constrangedor, está na hora de termos uma conversa política — disse Bezerra.
Segundo o ministro da Integração Nacional, Mercadante disse que ia consultar a presidente Dilma e telefonaria de volta, o que nunca aconteceu. Em deferência a Lula, que vinha se esforçando para manter as pontes com o PSB, Campos telefonou para ele antes que a Executiva Nacional oficializasse a decisão de sair do governo.
— O Lula vê lá na frente — disse um dirigente socialista.
Em conversas reservadas, integrantes do PT e do PMDB afirmam que Campos está tentando se vitimizar, e que sua permanência no governo era insustentável devido às críticas públicas à gestão Dilma Rousseff e à discussão de aliança com o pré-candidato do PSDB à Presidência da República, senador Aécio Neves (MG).
No Pará, esforço para que o PT apoie filho de Jader Barbalho
Confirmada a ruptura do PSB, com entrega de cargos e desembarque do poder, agora o governo tenta, de um lado, melhorar o clima com Campos e, de outro, aposta na divisão do PSB com a cooptação do governador Cid Gomes (CE) e de outras lideranças que se mostraram contrárias ao rompimento. Dilma ligou para ele na última quinta-feira para dizer que quer que o ministro Leônidas Cristino (Portos), afilhado político dos Ferreira Gomes, permaneça no governo. A expectativa no PSB é que Cid deixe o partido.
Ao receber a carta de demissão do ministro Fernando Bezerra, na quinta-feira, que não foi aceita, Dilma disse a ele que quer conversar novamente com Campos. Dizendo-se surpresa com a decisão do PSB, ela afirmou que precisa de um tempo para escolher um substituto para o cargo.
Se, no plano federal, Lula não conseguiu fazer prevalecer seu ponto de vista, nos arranjos estaduais ele não só é ouvido como é o cabo eleitoral mais disputado. O ex-presidente chamou recentemente petistas do Pará para conversar. Disse que a estratégia local tem que estar vinculada à nacional, cuja prioridade é reeleger Dilma, e que eles não podem tomar decisões isoladas.
O esforço de Lula foi para convencer o PT do Pará a apoiar a candidatura de Helder Barbalho (PMDB), filho do senador Jader Barbalho, a governador. Assim, o ex-deputado Paulo Rocha (PT-PA), da corrente majoritária do partido, a Construindo um Novo Brasil (CNB), deve disputar o Senado. Mas o deputado Cláudio Puty (PT-PA), da segunda maior corrente, a Mensagem, insiste em disputar o governo.
Lula também teve papel central na definição do nome de Alexandre Padilha como candidato do PT ao governo de São Paulo. Ele deve deixar o comando do Ministério da Saúde em novembro, depois da votação da Medida Provisória do Mais Médicos, para se dedicar à campanha.
— O Padilha tem muita força na base do PT e o Lula foi se convencendo — disse uma liderança do PT paulista.
Conquistar o governo de São Paulo é a prioridade número dois de Lula, ficando atrás, é claro, da reeleição de Dilma.
Com a saúde recuperada — nas eleições municipais do ano passado Lula estava tratando um câncer na laringe — o ex-presidente pretende se empenhar na campanha do ano que vem, principalmente no projeto de reeleição da presidente.
— Em 2012, ele tinha problema de saúde. Agora, ele vai rodar o Brasil e fazer campanha onde precisar — disse o líder do PT no Senado, Wellington Dias (PI)


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