BRASÍLIA - Com o discurso público de que não houve qualquer pressão sobre Eduardo Azeredo, parlamentares do PSDB admitem nos bastidores que a expectativa é que a renúncia ao mandato minimize o impacto do julgamento do mensalão mineiro sobre o partido nas eleições deste ano. Tucanos próximos a Aécio Neves sustentam a versão de que não houve pressão, mas reconhecem que foi decisiva para a renúncia a reação de distância adotada pelos líderes do PSDB às alegações do Ministério Público sobre o processo. Também pesou no isolamento de Azeredo o fato de ele ter comparado sua atuação no mensalão mineiro à do ex-presidente Lula no mensalão petista. Comparação considerada desastrosa.
Sentindo-se isolado no PSDB e orientado pelo advogado e pela família, Azeredo decidiu pela renúncia. Quem conversou com Azeredo relatou que ele estava se sentindo solitário no partido e demonstrando muita fragilidade e preocupação com a família.Desde que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, propôs 22 anos de prisão para Azeredo, seus colegas tucanos evitaram defendê-lo e deixaram claro que o PSDB não trataria o episódio como o PT, que optou pelo enfrentamento com o Supremo. De acordo com relatos, o deputado teria sinalizado desde o início da semana que iria renunciar, e não foi desencorajado pelos colegas. Ouviu deles que deveria tomar a decisão que lhe parecesse melhor para se defender e se preservar. Recebeu palavras de amizade, mas não foi incentivado a enfrentar o julgamento no exercício do mandato. E ouviu de alguns que sua situação com a Justiça poderia ser mais bem resolvida na primeira instância, em Minas.
— Azeredo não é um político que enfrentaria esses dilemas sozinho. Ele precisava ser abraçado pelo partido para seguir adiante, e isso não aconteceu. Por isso ele decidiu sair de cena — resumiu um deles
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