segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

PROJETO DE LEI PROIBE USO DE MÁSCARA EM PROTESTOS

Integrantes do Black Bloc durante manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo
Integrantes do Black Bloc durante manifestação na Avenida Paulista, em São Paulo (Reinaldo Marques)
O governo decidiu incluir no projeto de lei que envia nesta semana ao Congresso Federal a proibição do uso de máscaras durante protestos. O projeto, que será apresentado em regime de urgência, visa conter a violência nas manifestações e aumenta as punições em caso de danos ao patrimônio público. A proposta também prevê o agravamento da pena para quem cometer atos de lesão corporal.
"Quem quiser pintar o rosto pode pintar, mas será vedado o uso de máscara ou camisa cobrindo o rosto, sem que as pessoas se identifiquem, para evitar o vandalismo", afirmou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. "A lei proíbe o anonimato. As pessoas têm de arcar com as consequências do que fazem. Ninguém pode se infiltrar em manifestações para depredar o patrimônio, agredir, matar e não ser punido."
Pelo projeto de lei, os manifestantes mascarados que se recusarem a apresentar a identificação serão encaminhados à polícia. "Se a pessoa se negar a sair do anonimato, estará cometendo crime de desobediência. E casos de reincidência configuram sanção penal mais elevada", afirmou Cardozo.
A pena existente hoje para danos ao patrimônio público é de seis meses a um ano de reclusão. Na avaliação do governo, trata-se de penalidade "muito baixa", que precisa ser reforçada. "Em vários países, como a França e o Canadá, existem leis mais duras, que garantem a liberdade de expressão, mas coíbem com rigor a prática de crimes. É isso que estamos fazendo", disse o ministro.

O governo está preocupado com o clima de insegurança perto da Copa do Mundo, principalmente em um ano em que a presidente Dilma Rousseff disputará a reeleição. Além disso, na avaliação do Palácio do Planalto, a participação dos black blocs e mascarados em protestos provoca medo generalizado, sensação de descontrole e acaba diminuindo a adesão de pessoas que querem protestar livremente.
Apesar desse diagnóstico, o governo não aprovou a ideia do secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, que dá nova configuração ao crime de formação de quadrilha. Para Beltrame, a quadrilha já poderia ser caracterizada quando duas pessoas - e não três, como é hoje - se reunissem para cometer atos ilícitos. Na semana passada, um cinegrafista da TV Bandeirantes foi morto após ser atingido por um rojão durante manifestação no Rio.
Cardozo negou que o projeto de lei tenha o objetivo de coibir atos públicos e protestos contra o governo. "Queremos garantir a liberdade de manifestação, mas vamos atuar com rigor contra a violência e a prática de crimes", disse o ministro

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