segunda-feira, 17 de março de 2014

PODE FALTAR ÁGUA EM SÃO PAULO NA COPA DO MUNDO

Vista do reservatório Jaguari, que faz parte do Sistema Cantareira, na região de Vargem
Vista do reservatório Jaguari, que faz parte do Sistema Cantareira, na região de Vargem - Mariana Pekin
O comitê de técnicos que monitora o Sistema Cantareira antecipou para julho a previsão para que se esgote o chamado "volume útil" do manancial que abastece 47% da Grande São Paulo e a região de Campinas. Na estimativa anterior, feita há quase um mês, o grupo afirmava que se a seca fosse tão grave quanto à de 1953 a água acabaria em agosto. Com a nova perspectiva, São Paulo pode ficar sem água durante a realização da copa do Mundo.
A previsão pressiona ainda mais a Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp) a instalar os equipamentos necessários para captar o chamado "volume morto" do Sistema Cantareira. Trata-se de cerca de 400 bilhões de litros de água que ficam no fundo dos reservatórios, uma reserva estratégica nunca utilizada. A Sabesp informou que iniciará a operação em maio, dois meses antes do possível fim do "volume útil", que é a quantidade represada acima do nível das bombas.
Em fevereiro, após determinação da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Departamento de Águas e Energia Elétrica (Daee), que lideram o comitê anticrise, a Sabesp contratou duas empresas por 52 milhões de reais para realizarem obras emergenciais para uso do "volume morto" nas represas Jaguari e Jacareí, em Joanópolis, e Atibainha, em Nazaré Paulista. As duas primeiras são consideradas o coração do Cantareira e armazenam 82% da água do manancial, mas estão com apenas 9,4% da capacidade.
A companhia também comprou 17 bombas flutuantes por 5,3 milhões de reais de uma empresa de Santa Catarina, além de tubos, cabos, painéis e geradores. O custo total da operação é estimado em 80 milhões de reais. Desde o início de março, o uso do "volume morto", que antes era tratado como eventual, tornou-se inevitável para que o racionamento não seja generalizado.
Parâmetros - As perspectivas ficaram mais pessimistas porque a seca atual do Cantareira é mais crítica que a de 1953, até então a pior da história e que servia de parâmetro para os técnicos dos governos estadual e federal. Desde janeiro deste ano, a quantidade de água que entrou nos reservatórios do Sistema Cantareira corresponde a 15% da média histórica, mesmo com a volta das chuvas neste mês. Em 1953, o pior índice foi o de janeiro: 39%.
Naquele ano, a vazão média de água que abastecia as represas oscilou entre 24,5 mil litros e 26,7 mil litros por segundo no primeiro trimestre. Em fevereiro deste ano, a vazão foi de apenas 8,5 mil litros e neste mês estava em 15,2 mil litros até sexta-feira, ou seja, 43% menor do que a pior média registrada.
Por outro lado, no mesmo período, a quantidade de água liberada para abastecer cerca de 14,3 milhões de pessoas das Regiões Metropolitanas de São Paulo e Campinas foi de 29,7 mil litros por segundo, ou seja, déficit de 14,5 mil litros por segundo. O pior é que até agora nenhuma das medidas anunciadas pelo governo Geraldo Alckmin (PSDB) foi suficiente para brecar a queda do "volume útil" do Sistema Cantareira, que nesta segunda-feira caiu um pouco mais e chegou a 15,2% da capacidade.
Outras estratégias - Quando a Sabesp lançou o plano que dá desconto de até 30% na conta para quem reduzir ao menos 20% do consumo, o sistema estava com 21,9% da capacidade. A partir de então, o governo de São Paulo passou a adotar uma série de estratégias.
Primeiro, começou a remanejar água das Bacias do Alto Tietê e Guarapiranga para 3 milhões de pessoas antes abastecidas pelo Cantareira. Em seguida, contratou uma empresa por 4,5 milhões de reais para produzir chuva artificial sobre os reservatórios que estão secos, liberou a exigência de gasto mínimo dos grandes consumidores e reduziu em 10% a vazão máxima para a Grande São Paulo. Na última semana, o governo de São Paulo cortou em 15% a quantidade de água vendida para São Caetano e Guarulhos – essa última cidade anunciou que promoveria racionamento por falta de água para distribuir à população

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