domingo, 11 de maio de 2014

O BRASIL APESAR DOS ATRASOS JÁ ESTÁ EM CLIMA DE COPA DO MUNDO

Torcida fora do estádio do Maracanã antes da final da Copa das Confederações entre Brasil e Espanha, no Rio de Janeiro
Torcida fora do estádio do Maracanã antes da final da Copa das Confederações entre Brasil e Espanha, no Rio de Janeiro - Ivan Pacheco
A grande maioria afirmou que pretende assistir não apenas aos jogos da seleção, mas também a outras partidas. Para mais de um terço dos participantes, o objetivo é ver o maior número possível de duelos. Um entre cada dez acompanhará pelo menos um jogo ao vivo num dos doze estádios
A imagem da Copa do Mundo continua muito ruim – mas ainda assim o brasileiro quer participar dela, de um jeito ou de outro. Desde o início do ano, diversas pesquisas de opinião mostraram a insatisfação das pessoas com os problemas associados ao evento: gastos excessivos, planejamento malfeito, promessas descumpridas. Em fevereiro, o site de VEJA realizou uma sondagem com seus leitores sobre o assunto, e nove entre cada dez participantes disseram acreditar que o Mundial deixará uma marca negativa. A um mês do início do torneio, porém, o brasileiro vai entrando no clima de Copa, admitindo que pretende acompanhar a festa do futebol e planejando como fazer parte do evento que deverá parar o país durante um mês, entre 12 de junho e 13 de junho. As decepções não foram esquecidas. Isso não quer dizer, entretanto, que a população do país-sede ficará indiferente. O brasileiro quer ver e viver a Copa – ainda que deixando de lado as manifestações de ufanismo e o clima de euforia.
Para identificar o comportamento do torcedor nestas semanas que antecedem a abertura da competição, VEJA promoveu uma nova pesquisa com seus leitores, desta vez perguntando o que eles pretendem fazer durante o Mundial. O levantamento, realizado pelo Departamento de Pesquisa e Inteligência de Mercado da Editora Abril, registrou as impressões de 2.384 pessoas de todas as regiões brasileiras, que responderam a dez questões ligadas ao evento entre os dias 5 e 8 de maio. Em 100% dos questionários preenchidos, os respondentes afirmaram que pretendem acompanhar a Copa. A grande maioria, aliás, afirmou que pretende assistir não apenas aos jogos da seleção brasileira, mas também a outras partidas. Para mais de um terço dos participantes, o objetivo é ver o maior número possível de duelos. Um entre cada dez acompanhará pelo menos um jogo ao vivo num dos doze estádios da Copa, e 7% disseram que estão de viagem marcada para assistir às partidas fora de suas cidades.
Sem euforia - Os resultados da pesquisa mostram, no entanto, que o incômodo provocado por alguns dos problemas mais espinhosos da organização do evento – as melhorias tímidas nos aeroportos e na mobilidade urbana e o risco de violência em protestos nas cidades-sede, por exemplo – não são esquecidos pelo brasileiro. Para 12% dos participantes da sondagem, a superlotação de torcedores, turistas, patrocinadores, jornalistas e cartolas motivou planos de escapar das cidades-sede no período da Copa – residem numa das doze capitais que receberão os jogos, mas devem viajar para outros pontos do país ou até mesmo para o exterior. Mais marcante ainda é a rejeição às manifestações patrióticas que costumam acontecer em tempos de Copa. Oito em cada dez entrevistados disseram que não têm planos de decorar sua rua, sua casa ou seu carro com as cores do Brasil. Questionados sobre o motivo, os participantes da pesquisa usaram termos como "vergonha" e "decepção", citando sua insatisfação com a forma como o evento foi organizado, seu descontentamento com o governo e sua desilusão com o país.   
"Não consigo me empolgar. O país sofre um colapso moral", escreveu um dos respondentes. "Apesar de gostar de futebol, a organização da Copa frustou toda a sociedade", disse outro. "Estou mais preocupado com a dívida que a Copa vai nos deixar para pagar com os impostos", lembrou mais um. Em outra questão, 20% dos leitores que responderam à pesquisa disseram que compraram ou pretendem comprar uma camisa do Brasil para torcer no Mundial, e outros 17% afirmaram que não comprarão uma porque já têm uniforme da seleção no guarda-roupas. Mas a maioria, 63%, diz que não pretende vestir as cores do Brasil durante a Copa – mau sinal para os comerciantes que fizeram estoque de camisas amarelas para junho. Outra pergunta referente aos hábitos de consumo tratou de uma tradição para muitos torcedores: aproveitar a Copa (e suas promoções) para comprar uma TV nova. Em 91% dos casos, essa despesa está descartada. Um hábito mais barato, colecionar as figurinhas oficiais do Mundial, teve uma adesão maior: 15% dizem estar à procura dos cromos que faltam para completar o álbum. É mais uma forma de participar da contagem regressiva para a festa – ainda que, de acordo com os números da pesquisa, o brasileiro não pareça tão convencido de que há motivos para comemorar

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