segunda-feira, 28 de julho de 2014

DEPUTADO COBRA REPASSE DE EMPREITEIRA POR AJUDAR EM CONTRATO

Bacelar cobrou repasse de empreiteiro por ajuda em contrato com a Valec, diz revista
Foto: Gustavo Lima/ Agência Câmara
Cotado para assumir a presidência do PR em 2015, o deputado federal baiano João Carlos Bacelar é acusado, em reportagem da revista Veja publicada neste domingo (27), de pedir participação nos lucros da empreiteira mineira Pavotec Pavimentação e Terraplenagem, em troca do contrato firmado entre a empresa e a Valec, estatal responsável pela construção de ferrovias no país. A companhia está vinculada ao Ministério dos Transportes, que segue sob o controle da legenda – em junho, o baiano Paulo Sérgio Passos assumiu a pasta, em substituição a César Borges, ambos republicanos. Segundo a Veja, pouco antes da saída do ex-governador da Bahia do cargo, o dono da Pavotec, Djalma Diniz, procurou Borges em seu gabinete para relatar que sofria pressão para repassar parte do pagamento de contratos firmados com o MT entre parlamentares. O autor da pressão seria Bacelar, que dizia falar em nome do partido e pedia o dinheiro sob alegação de que a sigla o ajudou a fechar os certames.
 


 
“O dono da Pavotec me procurou no ministério para dizer que o deputado João Carlos Bacelar está cobrando dele uma participação nos contratos com a Valec”, teria dito Borges a assessores e políticos de confiança. Segundo a matéria, baseada em conversas gravadas, dos diversos contratos da empresa com a pasta, que chegariam a quase R$ 2 bilhões, dois estariam sob a mira do congressista: um no valor de R$ 514 milhões e outro de R$ 719 milhões. Diniz, que supostamente classificou a exigência de Bacelar como "achaque descarado", se negou a fazer o pagamento após apurar com o ministro que ele não falava em nome do PR. A partir da recusa, diz a Veja, o parlamentar começou a criticar o empresário e a minar Borges, que seria seu desafeto político. “Esse Djalma é um picareta. Nós conseguimos colocar a empresa dele na valec, com contratos de mais de 1 bilhão,  ele ficou de repassar uma parte de volta e não está cumprindo o combinado", disse Bacelar a um deputado amigo, que contou o diálogo à revista. Ele revelou também que o pedido feito a Diniz girava em torno de R$ 90 milhões a R$ 100 milhões, que seriam repassados por meio da subcontratação de empresas.
 


 
O porcentual cobrado pelo republicano, afirma a reportagem, seria de mais de 8%, o dobro do que era solicitado por membros do partido em um esquema de propina controlado pela legenda que causou o pente fino feito pelo Palácio do Planalto, com demissão de seis ministros em 2011, entre eles Alfredo Nascimento (PR), titular dos Transportes. A exoneração ocorreu após a presidente Dilma Rousseff, recém-empossada, ter questionado a elevação de custos das obras do MT. “Vocês são inadministráveis e estão inviabilizando meu governo” , repreendeu Dilma, em relação à atuação do PR. Veja revelou que a diferença referia-se ao superfaturamento dos serviços por parte das empreiteiras, que repassavam 4% à agremiação em troca dos contratos. À revista, Diniz afirmou que não pediu ajuda de políticos para conseguir o contrato, mas confirmou que inicialmente a Valec duvidou da capacidade da sua empresa em realizar o trabalho. De acordo com a reportagem, o empresário mentiu e não somente foi até a Valec, como teve encontros com parlamentares em hotéis em Brasília e nos corredores do Congresso. Bacelar seria um dos seus maiores interlocutores. Ainda de acordo com a matéria, eles se encontraram mais de uma vez antes e depois do fechamento do contrato, em que uma das reuniões foi realizada em uma sala próxima ao plenário na Câmara.

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