sexta-feira, 10 de outubro de 2014

PROPINODUTO DA PETROBRÁS FINANCIAVA CAMPANHAS DO PT




Em depoimento à 13ª Vara Federal, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, que acusou políticos do PT, PMDB e PP de receberem recursos de propina para campanhas políticas em 2010, disse também que o Partido dos Trabalhadores ficava com 2% a 3% dos valores dos contratos superfaturados na empresa. Segundo seu depoimento, o PT era o partido que tinha mais diretorias na estatal e, por isso, o que recebia mais recursos por meio de corrupção em contratos com as maiores empreiteiras do país.

De acordo com ele, a margem de lucro das grandes obras deveria ser de 10% a 20%, mas as construtoras acrescentavam 3% a título de “ajuste político”, em licitações que eram acertadas antes entre as empresas de um cartel. Nas diretorias Gás e de Exploração, a comissão era integral para os petistas. Na de Serviços, responsável por organizar a licitação das outras áreas da empresa, o PT ficava com 2%.

Ainda segundo Paulo Roberto, era João Vaccari, o tesoureiro informal do PT, quem arrecadava o dinheiro. “A ligação que o diretor do PT tinha era com o tesoureiro do PT, senhor. João Vaccari. A ligação era diretamente com ele”, disse o ex-diretor, réu na Operação Lava-Jato e que firmou acordo de delação premiada para confessar crimes e auxiliar na investigação em troca de redução da pena.

O PP, que comandava a Diretoria de Abastecimento, ficava com 1%. Os outros 2% eram "para atender ao PT". No esquema pepista, a atividade era conduzida pelo ex-líder do partido na Câmara José Janene (PR), morto em 2010, e, depois, pelo doleiro Alberto Youssef.

No PMDB, que comandava a Diretoria de Internacional, a corrupção era paga aos peemedebistas. Os pagamentos eram operados pelo lobista Fernando Soares, o “Fernando Baiano”. Na subsidiária da estatal Transpetro, comandada pelo ex-senador Sérgio Machado (PMDB-CE), também havia corrupção. Paulo Roberto disse ter recebido R$ 500 mil das mãos de Machado entre 2009 e 2010 no apartamento do ex-parlamentar no Rio de Janeiro. O motivo seria a contratação de “alguns navios”, negócio que passou pela Diretoria de Abastecimento. “Foi entregue diretamente por ele”, confirmou o réu.

Antes e depois que saiu da PetrobrAs, o próprio Paulo Roberto recebia propinas. Do valor de 1% destinado ao PP, em média 60% iam para o partido e 20% se destinavam a despesas operacionais. Nos 20% restantes, Paulo Roberto ficava com 70% e o restante com Janene ou Youssef. Em uma ocasião, o ex-diretor ganhou um carro do doleiro como pagamento.

Quando saiu da Petrobras, em 2012, Paulo Roberto abriu uma firma de consultoria, na qual confessou fazer contratos simulados para receber recursos das empresas fornecedoras da Petrobras. Em 2013, ele recebeu “pendências” da época em que era diretor por meio de supostas consultorias prestadas às empresas.

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