sexta-feira, 31 de outubro de 2014

SE NÃO MUDAR DE ESTILO DILMA PERDE NO CONGRESSO

Presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves
MÁGOA – O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves, derrotado na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte: "O Lula nunca tinha visto o Robinson na vida dele. Se amanhã passar do lado, acho que o Lula nem o reconhece mais" (Pedro França/Agência Senado/VEJA)
'De fora da janela do Palácio do Planalto há um país dividido. E tem de se ter muito cuidado para que amanhã não haja uma crise. Agora tem de se calçar a sandália da humildade'
Na primeira semana depois das eleições, o Congresso Nacional deu um claro recado à presidente reeleita Dilma Rousseff (PT): derrubou o decreto bolivariano que criava conselhos populares em órgão públicos, convocou ministros e a presidente da Petrobras, Graça Foster, para prestar esclarecimentos em comissões e ensaia desengavetar propostas que causam dor de cabeça ao Planalto, como o chamado Orçamento Impositivo. Para Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Câmara dos Deputados, Dilma precisa saber “conversar e “compartilhar mais” já nos próximos dois meses, quando encerra seu primeiro mandato. “Não pode ser como vinha sendo: o PT escolhendo o que quisesse, principalmente os melhores ministérios, e deixando o resto para os outros. Não pode e não deve ser assim. A presidente Dilma tem dois meses para provar que as coisas não vão ser assim”, afirmou. Depois de onze mandatos na Câmara, Alves foi derrotado na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte e ficará sem mandato em janeiro. Nos últimos dias, seu nome passou a figurar na bolsa de apostas do futuro ministério de Dilma, o que ele descarta. Mas, como reza o anedotário político de Brasília, quando se quer um cargo de ministro, o melhor a fazer é afirmar justamente o contrário – diz a máxima que, a partir daí, seu nome passará ser lembrado constantemente

EM REUNIÃO A PETROBRÁS NÃO DECIDE AUMENTO DA GASOLINA

Reunião foi feita em São Paulo
Reunião foi feita em São Paulo (Ricardo Moraes/Reuters/VEJA)
Em uma reunião classificada como "conturbada" nesta sexta-feira, o Conselho de Administração da Petrobras interrompeu as discussões e só retomará os trabalhos na terça-feira, disse ao site de VEJA uma fonte que participou do encontro. Nenhuma decisão foi tomada e, segundo a fonte, nem chegou a ser colocado em discussão o assunto mais esperado: o reajuste do preço da gasolina. Coincidentemente, a reunião será retomada no mesmo dia em que a presidente Dilma retorna de suas férias na base naval de Aratu, na Bahia.
O mercado aguarda a decisão de reajuste como sinalização de que a empresa poderá, no ano que vem, implementar uma política de equilíbrio entre os preços cobrados no mercado internacional e aqueles praticados pela estatal. Desde 2012 os reajustes são alvo de intensos debates no Palácio do Planalto. Primeiro foram represados. Como a empresa se viu obrigada a absorver sozinha as oscilações do preço do petróleo, suas contas se deterioraram. O governo tem aprovado ajustes pontuais, a conta-gotas

POLICIA FEDERAL INDICIA PIZZOLATO POR NOVE CRIMES

Reprodução da foto do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, feita pela polícia italiana após sua prisão em Modena, na Itália
Reprodução da foto do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil, Henrique Pizzolato, feita pela polícia italiana após sua prisão em Modena, na Itália - Jamil Chade/AE/VEJA
A Polícia Federal confirmou nesta sexta-feira o indiciamento do ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, condenado no julgamento do mensalão por nove crimes. Os ilícitos apontados pelos policiais incluem falsidade ideológica e uso de documento falso a partir de 2007, quando o mensaleiro passou a arquitetar um plano de fuga e adotou a identidade do irmão Celso Pizzolato, morto em 1978.
Condenado a 12 anos e sete meses de prisão durante o julgamento do mensalão, Pizzolato foi preso no início do ano depois de uma fuga hollywoodiana para a Argentina e para a Espanha até chegar à cidade italiana de Maranello. Nesta semana, porém, a justiça da Itália negou a extradição do ex-dirigente do BB após acatar o argumento de que o sistema carcerário brasileiro não tinha estrutura suficiente para abrigar o condenado.
Desde 2007, Pizzolato falsificou carteira de identidade, CPF, título de eleitor e dois passaportes – um brasileiro e outro italiano. Os documentos foram forjados em nome de Celso Pizzolato. O passaporte italiano falso permitiu a fuga do criminoso de Buenos Aires para Barcelona. Em fevereiro, a Polícia Federal havia instaurado inquérito para apurar como foi feita a falsificação do passaporte brasileiro em nome de Pizzolato e começou na época a averiguar os episódios de falsidade ideológica, já que ele se passou pelo irmão morto no posto de imigração na cidade catarinense de Dionísio Cerqueira, antes de atravessar a fronteira para a Argentina. As investigações deste caso foram concluídas nesta quinta-feira.
Independentemente do indiciamento pelas autoridades brasileiras, a falsificação de passaporte e o crime de falsidade ideológica também são investigados pelas autoridades italianas. Juridicamente, uma das interpretações possíveis é a de que existem dois momentos para o crime de falsificação de documentos, apesar de ser apenas um ilícito. No caso de Pizzolato, o delito de adulteração do passaporte se consumaria no Brasil e o êxito de ele ter conseguido entrar na Espanha seria o exaurimento do crime. Essas nuances serão levadas em conta caso o mensaleiro vá a julgamento por esses ilícitos.
Pelo Código Penal, “falsificar, no todo ou em parte, documento público, ou alterar documento público verdadeiro” pode ser punido com dois a seis anos de reclusão e multa. No caso de falsidade ideológica com documento público, como o passaporte, a pena é de um a cinco anos, além de multa.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

OS FUTUROS MINISTROS DO NOVO GOVERNO DE DILMA

Dilma reeleita: corrida ministerial movimenta Brasília
Dilma reeleita: corrida ministerial movimenta Brasília (Ueslei Marcelino/Reuters)
Prata da casa — Os que tinham a esperança de que Dilma escolhesse um nome de mercado para o Ministério da Fazenda terão de encarar os fatos: a presidente ficará mesmo com seu rebanho na hora de compor a equipe econômica. Nada de banqueiros. Tampouco vão embarcar economistas de linhagem diferente da desenvolvimentista. Até o momento, o mais cotado é Nelson Barbosa, ex-secretário-executivo do Ministério da Fazenda. Meses atrás, quando questionado pelo site de VEJA sobre o interesse, Barbosa negou. Contudo, nos bastidores, sabe-se que o economista se tornou figura frequente no bairro do Ipiranga, onde Lula mantém seu QG, em busca de apoio para a postulação. Dilma havia se mostrado reticente. Agora, encara o economista como uma saída mais sensata. "Ele seria uma boa escolha por ter bom trânsito no governo, no Congresso e entre os empresários", afirma um cacique petista.
Melhor que nada — No mercado financeiro, o nome de Barbosa não é malquisto como o de seu ex-chefe, Guido Mantega. "Não concordo com o que ele pensa. Mas o respeito como economista. Já o Mantega...", diz um gestor de fundos. Em Brasília, o sentimento é de que a presidente não morre de amores por ele, mas precisa de um ministro com características conciliadoras e que aceite, sem maiores crises, que o chefe da pasta será mesmo ela. Barbosa, por sua vez, não teria de trabalhar com seu desafeto Arno Augustin, que deixa a Secretaria do Tesouro Nacional ao final deste governo.
Fica, vai ter bolo — O atual presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, embora não seja aclamado pelo mercado, é visto pelos governistas como um nome que "não causa muitos problemas". O governo pode fazer, contudo, mudanças pontuais em algumas diretorias do BC. Já na Fazenda, o único dos atuais secretários que deve permanecer na pasta é Dyogo Oliveira, que ocupou a secretaria-executiva interinamente após a saída de Nelson Barbosa.
Quase lá — Para a pasta da Agricultura, a senadora Kátia Abreu é a número um da fila. Não é de hoje que a presidente da Confederação Nacional da Agricultura (CNA) pavimenta seu caminho até a Esplanada. Nos dois últimos anos, principalmente em 2014, houve uma aproximação forte com a presidente Dilma. Kátia se tornou espécie de “consultora” para assuntos do agronegócio no Palácio do Planalto. A ‘amizade’ criou até mesmo desavenças na própria CNA, já que a senadora foi criticada por não fazer a oposição que as federações do setor exigiam. A trajetória política também foi providencial. A senadora deixou a oposição (DEM-TO) em 2011, transferiu-se ao PSD de Gilberto Kassab, apoiador de Dilma e, em seguida, ao PMDB, que é o ‘dono’ da pasta no governo.
Doce — Sem função parlamentar em 2015, depois da derrota nas eleições para governador do Rio Grande do Norte, Henrique Eduardo Alves vem sendo sondado pelo governo para assumir a pasta da Previdência, que é comandada pelo seu tio, Garibaldi Alves. A aliados, o atual presidente da Câmara disse que, por ora, não aceitará o cargo. Voltará para Natal para cuidar dos negócios da família e militar pelo partido.
Prêmio de consolação — Dar a Previdência a Henrique Alves é a estratégia do governo para acalmar os ânimos do peemedebista depois da derrota que sofreu em seu estado natal. Alves ficou irado depois que o ex-presidente Lula apareceu apoiando seu adversário Robinson Faria (PSD-RN).
Nova ala — O atual ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, tem não apenas tentado se manter forte no governo, mas também procura emplacar nomes em outras pastas. Uma das tentativas de Mercadante é arrumar um substituto para Paulo Bernardo, que hoje ocupa o Ministério das Comunicações. Depois de o nome de Bernardo e de sua mulher, a senadora Gleisi Hoffman, aparecerem entre os possíveis favorecidos do esquema de corrupção da Petrobras, a base governista considera improvável que o ministro seja mantido.
Balão de ensaio — A escolha dos novos ministros do governo Dilma está dividida em várias frentes. De um lado, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, está conversando com os partidos aliados à sigla para dar início à distribuição de ministérios. Do outro, o articulador é o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, que tem contado a diversos aliados os nomes que gostaria no governo, como forma de testá-los junto à opinião pública. Os rumores sobre o presidente do Bradesco, Luiz Carlos Trabuco, assumir a Fazenda são de autoria do ex-presidente.
Em alta — Novato na pasta, o ministro da Saúde, Arthur Chioro, tem grandes chances de permanecer no cargo. Nos bastidores de Brasília, fala-se que seu nome é defendido com afinco por empresários da indústria farmacêutica. A maior dificuldade dos governistas no âmbito da Saúde seria, contudo, garantir um nome forte para a presidência da Anvisa — agência que foi fatiada entre diversos partidos. 
Órfão — Derrotado, o ex-ministro Alexandre Padilha (PT-SP) também poderia voltar para Brasília, já que ficou sem nenhum cargo. A dificuldade da volta está no fato de seu nome ter sido citado nas denúncias da Operação Lava-Jato, apesar de nada ter sido comprovado.
Pé na rua – Quem não ficará no governo são os ministros Guido Mantega (Fazenda), Marta Suplicy (Cultura) e Mauro Borges (Desenvolvimento). Mantega, que está no cargo há quase oito anos, já teve sua demissão anunciada durante a campanha presidencial. Marta deve sair por ter sido uma dos principais entusiastas do movimento "Volta, Lula". Já Borges assumiu o MDIC de forma quase que interina, quando Fernando Pimentel deixou a pasta para disputar o governo mineiro pelo PT. 
Direto de Minas — Josué Gomes, filho do ex-vice-presidente José Alencar, é um dos mais cotados para assumir a pasta do Desenvolvimento no lugar de Mauro Borges. Petistas afirmam que, mesmo derrotado no Senado, Gomes fez a "lição de casa" durante as eleições.

BANCO CENTRAL ELEVA OS JUROS PARA CONTER A INFLAÇÃO


O presidente do Banco Central Alexandre Tombini
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini (Pedro Ladeira/AFP/VEJA)
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central retomou o aperto monetário finalizado há 16 meses e elevou a taxa Selic a 11,25% ao ano. A decisão é válida até o próximo encontro, em 2 e 3 de dezembro, que também é o último do ano. Trata-se da maior taxa de juros desde outubro de 2011 e da primeira alta desde abril deste ano. 
A decisão surpreende porque o mercado esperava uma sinalização de elevação da taxa de juros, e não a alta em si. Na última reunião, em setembro, o BC sinalizou a manutenção da Selic. Na ata, a autoridade monetária informara que, com a manutenção da Selic, a inflação tenderia a entrar em trajetória de convergência para a meta de 4,5% em 2016. Pesquisa da Reuters havia mostrado que todos os 43 analistas consultados esperavam a manutenção da Selic.
O BC iniciou a trajetória de subida em abril do ano passado, quando a taxa de juros passou de 7,25% (mínima histórica) para 7,5%. No governo de Dilma Rousseff, que assumiu a presidência com a Selic a 10,75%, a maior taxa, de 12,5%, foi vista em julho de 2011. 
Segundo o comunicado divulgado pelo BC, a alta dos preços motivou a elevação. "Para o Comitê, desde sua última reunião, entre outros fatores, a intensificação dos ajustes de preços relativos na economia tornou o balanço de riscos para a inflação menos favorável. À vista disso, o Comitê considerou oportuno ajustar as condições monetárias de modo a garantir, a um custo menor, a prevalência de um cenário mais benigno para a inflação em 2015 e 2016", informa o texto.
A decisão não foi unânime. Votaram pela elevação da taxa Selic para 11,25% ao ano os seguintes membros do Comitê: Alexandre Antonio Tombini (Presidente), Aldo Luiz Mendes, Anthero de Moraes Meirelles, Carlos Hamilton Vasconcelos Araújo e Sidnei Corrêa Marques. Votaram pela manutenção da taxa Selic em 11% os diretores Altamir Lopes, Luiz Awazu Pereira da Silva e Luiz Edson Feltrim.

ITÁLIA NEGA EXTRADIÇÃO DE PIZZOLATO E CRIA PRECEDENTE PERIGOSO


Ao comentar nesta quarta-feira (29/10) a recusa da Justiça italiana ao pedido brasileiro de extradição do ex-diretor de Marketing do Banco Brasil Henrique Pizzolato, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, demostrou preocupação com as condições do sistema carcerário do Brasil.

"A estratégia da defesa foi explorar alguns presídios que, na verdade, são enxovias [masmorras, calabouços], que conseguiu um precedente muito perigoso para o Brasil, que é de não conseguir extraditar ninguém da comunidade europeia", alertou.

Por iniciativa própria, Janot, que completou um ano à frente do Ministério Público Federal em setembro, participou nesta quarta-feira de reunião extraordinária da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado para prestar contas de sua atuação.

O procurador-geral da República descartou a tese de que a negativa italiana tenha alguma relação com o fato de o governo brasileiro não ter atendido ao pedido de extradição do ex-ativista italiano Cesare Battisti, condenado pela Justiça italiana à prisão perpétua por crimes de terrorismo. Battisti vive hoje no Brasil.

"Foi uma longa negociação com a Justiça italiana, o Ministério Público italiano, a Advogacia-Geral da Itália, com o Ministério da Justiça da Itália e nunca, em momento algum, esse problema foi levantado, não foi jamais nem discutido sobre isso. O que eles têm interesse é que a gente eventualmente em casos tópicos proceda a [com a] reciprocidade e isso o governo brasileiro se compromete a fazer", garantiu.

Para diminuir os problemas no sistema carcerário brasileiro, Janot disse que vai encaminhar aos parlamentares um conjunto de propostas feitas pelo Conselho Nacional do Ministério Público e pelo Conselho Nacional de Justiça com o apoio do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e do Ministério da Justiça. Chamado Segurança sem Violência, o programa propõe a aplicação de políticas públicas com soluções de curto, médio e longo prazo
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EX SENADOR LUIZ ESTEVÃO É TRANSFERIDO PARA A PAPUDA


Em 27 de setembro, Luiz Estevão foi preso pela Polícia Federal (Marco Ambrósio/Folhapress)
Em 27 de setembro, Luiz Estevão foi preso pela Polícia FederalNo primeiro dia no Complexo Penitenciário da Papuda, o ex-senador Luiz Estevão abriu mais um capítulo no enredo jurídico que envolve o cumprimento da pena de 3 anos e 6 meses a que foi condenado por falsificação de documentos contábeis de suas empresas. Ontem, advogados ingressaram com um pedido para que ele possa deixar a prisão para trabalhar durante o dia em uma imobiliária e retornar ao local à noite, apenas para dormir. O caso ainda não foi analisado, bem como outro recurso em que a defesa do ex-senador questiona decisão do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal (STF). Marcado para ontem, o julgamento acabou adiado para a próxima quarta-feira em virtude da morte do pai de um dos defensores de Estevão.
Preso em 27 de setembro, o ex-parlamentar foi transferido pela Polícia Federal para São Paulo e, desde 1º de outubro, estava no presídio de Tremembé 2, a cerca de 140km da capital paulista. Ontem, Estevão não recebeu visitas, mas se reuniu com advogados para traçar a estratégia de defesa. De acordo com a decisão de Dias Toffoli, caberá a Justiça Federal, que definiu a pena contra Estevão, determinar a prisão em regime semiaberto, uma vez que a pena é inferior a quatro anos (Leia O que diz a lei). A punição se refere à ação em que ele foi condenado por fraudar balancetes de suas empresas para tentar esconder o valor do patrimônio e não ter os bens bloqueados.

O recurso que seria julgado ontem é a 24ª tentativa de reverter a condenação. Até agora, ele perdeu em todas as instâncias. O processo foi julgado por um juiz, quatro desembargadores, 24 ministros do Superior Tribunal de Justiça (STJ) e nove ministros do STF. Segundo os advogados, Estevão deve recorrer até a última instância em nome da ampla defesa. Segundo o ministro Dias Toffoli, o réu adota manobras meramente proteletórias para adiar o cumprimento da sentença. A pena de 3 anos e 6 meses de prisão prescreveria seis dias depois da determinação do cumprimento da sentença, no mês passado.

Com o pedido de adiamento feito ontem pela defesa, os ministros do STF terão a oportunidade de manter ou reformar a decisão que levou Luiz Estevão para trás das grades pela primeira vez, de forma permanente, desde que o caso foi revelado, há quase duas décadas.

Além da ação de falsificação, a principal acusação que pesa contra Luiz Estevão é bem mais grave: em 2006, o ex-senador e cartola do principal time da cidade, o Brasiliense, foi condenado por peculato, corrupção e estelionato nos desvios dos recursos da obra do Tribunal Regional do Trabalho (TRT) de São Paulo, na década de 1990. A condenação foi estabelecida pela Justiça em 31 anos de prisão e pagamento de multa de R$ 30 milhões, mas o ex-senador recorre desde então no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Na 12ª vara Federal de São Paulo, ele também acabou condenado a devolver R$ 2,25 bilhões pelos 

DIRETOR DE ABASTECIMENTO NEGA CORRUPÇÃO NA PETROBRÁS

Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito da Petrobras, no Senado, o atual diretor de Abastecimento e Refino da empresa, José Carlos Cosenza, negou ter conhecimento dos esquemas de corrupção na petroleira e ainda declarou desconhecer o doleiro preso pela Polícia Federal Alberto Youssef.


"Nunca ouvi falar disso", afirmou Cosenza em resposta ao questionamento do relator Marco Maia (PT-RS) em relação ao esquema que, segundo depoimento do ex-diretor Paulo Roberto Costa incluía o pagamento de propina para políticos em contratos superfaturados. "No Abastecimento, eu nunca ouvi falar de cartel", disse. 


"Nos meus 38 anos de empresa, antes ou depois dele (Paulo Roberto Costa) não sei de nenhum esquema desse (de propina a partidos políticos)", afirmou. E completou: "Nunca participei de reuniões desse tipo (que negociavam propina)".

Mais cedo, o diretor começou relatando sua carreira e trajetória na estatal. Começou a carreira em 1975, mesmo ano em que se formou em engenharia química. Passou em concurso público e acabou admitido em 21 de janeiro de 1976. Desde então, percorreu diversas áreas até voltar ao Rio de Janeiro, onde, em 2008, assumiu a gerência de refino da Petrobras, uma pasta na área de Abasteciment
o

quarta-feira, 29 de outubro de 2014

DILMA COMEÇA SEGUNDO MANDATO EM DÍVIDA COM LULA

A presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Lula
A presidente reeleita Dilma Rousseff (PT) e o ex-presidente Lula (Evaristo Sá/AFP)
A presidente Dilma Rousseff nunca havia disputado uma eleição quando Luiz Inácio Lula da Silva resolveu lançá-la como candidata em 2010. Baseada inteiramente na popularidade do líder petista, ela conquistou seu mandato nas urnas. Era natural que o mentor tivesse uma participação efetiva no primeiro mandato. E que, reeleita, Dilma fizesse uma gestão com menos influência do antecessor. Mas, no momento em que a presidente deveria assumir as rédeas do próprio governo de forma definitiva e adotar uma equipe e um modo de governar próprios, a vitória apertada nas urnas e a perspectiva de um segundo mandato turbulento reforçam o coro por um papel mais presente do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no governo.
Em termos de popularidade, os dois primeiros anos de Dilma à frente do governo foram tranquilos: os índices de aprovação eram elevados, comparáveis ao do próprio Lula. Mas as dificuldades de Dilma se tornaram evidentes após os protestos de junho de 2013, quando a insatisfação do eleitorado ganhou corpo. Veio o período eleitoral e a petista se viu seriamente ameaçada - primeiro por Marina Silva (PSB), depois por Aécio Neves (PSDB). 
A vitória apertada deste domingo, com um placar de 51,6% contra 48,4% dos votos válidos, foi conquistada depois que Lula intensificou sua militância no segundo turno. Coube a ele a parte mais suja dos ataques a Aécio Neves. Em comícios sem a presença de Dilma Brasil afora, Lula mobilizou a militância petista e ajudou a consolidar votos para a presidente. Se a vitória se deve ao ex-presidente, é impossível medir. Mas é fato que as pesquisas mostraram uma reação de Dilma depois que ele lançou sua ofensiva.

LULA JÁ É CANDIDATO A PRESIDÊNCIA EM 2018

O senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), candidato a vice na chapa de Aécio Neves (PSDB-MG), que perdeu a eleição por menos de 4 pontos percentuais, fez nesta terça um duro discurso no Senado, no mesmo dia em que a presidente Dilma Rousseff, em entrevista ao SBT, afirmou, como se noticia aqui e ali, que “aceita” dialogar com Aécio e Marina Silva. Aliás, só falou porque indagada a respeito — uma questão, convenham, extemporânea e não sei se surgida no curso da conversa ou combinada na coxia. Dialogar sobre o quê? É a não notícia. Que resposta ela daria? Que não aceita? Que não quer papo? Isso não tem a menor importância. Num outro canto, nos corredores do PT, Luiz Inácio Lula da Silva, o maior coronel do Brasil, já anunciava a sua intenção de disputar a eleição presidencial em 2018. Então vamos pôr os pingos nos is.
Em primeiro lugar, setores da imprensa se corrijam. Quem pode ou não aceitar o diálogo são Aécio e Marina, não Dilma. Como ela é a presidente da República, o máximo que pode fazer é convidar para uma conversa. Mas, antes, é preciso ter um assunto. Aloysio disse que não aceita. Espero que não mesmo. Nem ele nem os outros oposicionistas. É o que eu faria no lugar dele e deles. O senador evocou a sujeira da campanha e afirmou: “Eu fui pessoalmente agredido por canalhas escondidos nas redes sociais a serviço do PT, de uma candidatura. Não faço acordo. Não quero ser sócio de um governo falido nem cúmplice de um governo corrupto”. Perfeito! Disse mais: “Eles transformaram as redes sociais em um esgoto fedorento para destruir adversários. Foi isso que fizeram. Não diga a candidata Dilma que não sabia o que estava acontecendo. Todo mundo percebia as insinuações que fazia nos debates”. Fato

CÂMARA DERRUBA DECRETO BOLIVARIANO DE DILMA

Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília
Plenário da Câmara dos Deputados, em Brasília (Zeca Ribeiro/ABr/VEJA)
A Câmara dos Deputados reagiu e, enfim, derrubou nesta terça-feira o decreto bolivariano da presidente Dilma Rousseff, destinado a criar conselhos populares em órgãos da administração pública. A matéria foi assinada no final de maio em uma canetada da presidente e foi alvo decríticas de juristas e parlamentares. O Senado ainda tem de avaliar o projeto de decreto legislativo para que a determinação do Planalto seja suspensa. 
A derrubada da matéria é uma reivindicação antiga da oposição e se deu dois dias após as eleições, indicando a turbulência que Dilma encontrará no Congresso no novo mandato. “Essa derrota é para mostrar que o discurso de conversa com o Congresso não poder ficar só na teoria”, resumiu o deputado Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA).
Tão logo foi apresentado, no início de julho, o projeto que sustava o texto palaciano teve adesão maciça de partidos de oposição e da base, contando inclusive com o apoio do PMDB, maior aliado do governo. Na Câmara, a matéria ganhou regime de urgência, o que permitiu que fosse direto ao plenário antes de tramitar pelas comissões. O projeto de decreto legislativo que pedia a suspensão da canetada de Dilma foi pautado nesta terça por Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), presidente da Casa que saiu derrotado na disputa ao governo do Rio Grande do Norte. Alves credita sua derrota à falta de apoio da presidente Dilma e ao fato de que o ex-presidente Lula chegou a participar da propaganda eleitoral do adversário Robinson Faria (PSD), eleito para o governo potiguar. Durante a sessão, o presidente convocou os deputados para que se mantivessem no plenário e garantissem a aprovação do texto. A derrubada do decreto foi aprovada em votação simbólica.

PRESIDENTE DA CÂMARA DEFENDE REFERENDO PARA REFORMA POLÍTICA


O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) disse, nesta terça-feira (28), que a realização de uma reforma política no Brasil é “inadiável”, e que o tema deve ser “a pauta número um” do Congresso Nacional a partir de 2015. Henrique também defendeu a proposta apresentada hoje pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), de que a reforma seja aprovada por meio de um referendo popular. A proposta vai na contramão do defendido pela presidente reeleita Dilma Rousseff (PT), que defendeu um plebiscito para a realização da reforma política.
Eduardo Alves disse que a proposta de Dilma “não foge ao parâmetro democrático”. “É uma tese também válida, que não foge ao parâmetro democrático. Mas se nós temos um parlamento eleito para votar, para cuidar dessas coisas, por que não fazê-lo? Porque não submeter ao referendo, para que haja participação popular? São temas complexos: voto distrital, financiamento de campanha, reeleição ou não, fim das coligações proporcionais. Muito tema complexo que essa casa tem o dever de examinar”, ponderou ele.

“Eu tentei pautar no começo, quando assumi a presidência, não consegui. mas agora essa pauta se impõe. Acredito que será a pauta número um do próximo parlamento, a partir do próximo ano”, completou o presidente da Câmara. Derrotado no domingo na disputa pelo governo do Rio Grande do Norte, Henrique Eduardo Alves ficará sem mandato no próximo ano.

Participação social

O presidente da Câmara disse ainda que a Casa deve votar o Projeto de Decreto Legislativo (PDL) proposto pelo líder do Democratas na Câmara, deputado Mendonça Filho (PE), que revoga o Sistema Nacional de Participação Social. O projeto, que reorganiza os conselhos dos órgãos e outros espaços de participação da sociedade, é alvo de críticas da oposição e até mesmo de setores da base do governo, por supostamente usurpar prerrogativas do Legislativo.

“Essa é uma pauta que essa Casa quer votar a três meses, já. Não votou por conta do quórum reduzido durante o período eleitoral, mas certamente não hora que houver quórum essa matéria terá de ir a voto. A Câmara tem que se pronunciar sobre isso”, disse Henrique. A pauta de discussões de hoje está sendo decidida desde as 16h em uma reunião dos líderes partidário
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JUSTIÇA ITALIANA NEGA EXTRADIÇÃO DE PIZOLATO

A Justiça italiana rejeitou, nesta terça-feira (28/10), o pedido de extradição de Henrique Pizzolato, condenado na Ação Penal 470, mais conhecido como mensalão. Foragido desde setembro de 2013, Pizzolato está preso em Modena, mas poderá deixar a prisão ainda hoje, de acordo com a decisão proferida há pouco pela Corte de Apelação de Bolonha. Pizzolato fugiu do país com o documento de um irmão morto em 1978. Foi encontrado pela Interpol em fevereiro e levado à prisão de Modena. Com dupla cidadania (brasileira e italiana), pediu para ficar na Itália, alegando condições carcerárias insalubres no Brasil.

A defesa de Pizzolato também alega que o duplo grau de jurisdição não foi respeitado no caso do mensalão, iniciado e finalizado no Supremo Tribunal Federal (STF). Os advogados do condenado também tentam desqualificar a sentença brasileira alegando que Pizzolato não poderia ter sido julgado pelo STF, porque não tinha foro privilegiado. Além disso, argumentam que o foragido tem problemas psiquiátricos.


Ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, Pizzolato foi condenado a 12 anos e sete meses de prisão e multa de R$ 1,3 milhão pelos crimes de corrupção passiva, lavagem de dinheiro e peculato no caso do mensalão. O governo brasileiro pretende recorrer da decisão, levando o caso para uma Corte de Roma, que só deve julgá-lo em 2015. Enquanto isso, Pizzolato permancecerá em liberdade
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SUPREMO LIBERA ZÉ DIRCEU PARA CUMPRIR PENA EM CASA


Quase um ano depois de ser condenado por corrupção no processo do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu vai ficar em prisão domiciliar. Ele foi preso em 15 de novembro do ano passado e só deixou as celas da Penitenciária da Papuda, em Brasíia, em julho, quando passou a trabalhar durante o dia e dormir na cadeia. Nesta terça-feira (28/10), o ministro relator do caso no Supremo Tribunal Federal, Luís Roberto Barroso, determinou que Dirceu cumpra o restante dos sete anos e 11 meses de detenção em regime semiaberto. Como em Brasília não há casa de albergado, a decisão faz com que o ex-ministro fique em prisão domiciliar.

A Procuradoria Geral da República (PGR) já havia dado parecer favorável para que o ex-ministro José Dirceu, condenado no mensalão do PT, cumpra o resto de sua no regime aberto. Para o procurador Rodrigo Janot, o réu deveria ser beneficiado por já ter cumprido um sexto da pena no semi-aberto e ter bom comportamento. Além disso, a defesa informou que Dirceu teve atividades de trabalho e estudo na cadeia. Isso lhe permitiria descontar 142 dias do prazo para obter o benefício antecipadamente, o que só seria possível em março do ano que vem.

“Verifica-se, ainda, o atendimento ao requisito do bom comportamento carcerário – comprovado pelo diretor do Centro de Progressão Penitenciária [CPP] de Brasília”, escreveu Janot. “Não há óbice à progressão do regime”, disse ele. “[Dirceu] faz jus ao benefício.”

O ex-ministro deverá se recolher em casa todas as noites até as 21h, de onde não poderá sair antes das 5h da manhã. Ele não poderá manter contatos com outros réus condenados, ingerir bebidas alcoólicas, usar drogas, portar armas, frequentar bares e prostíbulos. Dirceu não poderá sair do Distrito Federal e Entorno, a menos que obtenha autorização. Regularmente deverá se apresentar à Vara de Execuções Penais. O ex-ministro deverá continuar a trabalhar.

Escritório de advogado
Hoje, Dirceu trabalha no escritório do advogado José Gerardo Grossi, no Setor Bancário Sul, em Brasília. E dorme no CPP, unidade prisional que fica no Setor de Indústria e Abastecimento (SIA).

Grossi é o defensor, no STF, do ex-governador de Minas Gerais Eduardo Azeredo (PSDB), réu no processo do mensalão mineiro, esquema operado pelo publicitário Marcos Valério para os tucanos em 1998, segundo o Ministério Público. Azeredo renunciou ao mandato de deputado federal para escapar do processo criminal a que responde na corte, mas ainda tem uma denúncia cível a ser analisada no plenário do Supremo

Já Dirceu foi condenado porque, segundo a denúncia do Ministério Público, o ex-ministro da Casa Civil no governo Lula (PT) chefiou esquema de compra de apoio político por meio de dinheiro operado por Valério anos depois, entre 2002 e 2005. Inicialmente, foi sentenciado a dez anos de prisão por formação de quadrilha e corrupção.

Em 15 novembro do ano passado foi preso em regime fechado, no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília. Lá, Dirceu ficou até 2 de julho, quando a defesa conseguiu reverter a condenação pelo crime de quadrilha e colocar o réu no regime semi-aberto. A partir daí, o ex-ministro passou a trabalhar fora e apenas dormir em uma cela no SI
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terça-feira, 28 de outubro de 2014

ATÉ 2016 P.T. TERÁ INDICADO TODO O SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL

Ministros do supremo
Os ministros do Supremo Tribunal Federal (ABR/VEJA)
No momento em que as investigações sobre o petrolão avançam e mais autoridades com foro privilegiado são mencionadas pelos delatores do caso, a reeleição da presidente Dilma Rousseff permitirá a ela indicar mais cinco nomes para integrar o Supremo Tribunal Federal (STF). A partir de 2016, o único integrante do STF não indicado por um presidente petista será Gilmar Mendes. Se permanecer no cargo até a aposentadoria compulsória, ele deixará a corte em 2025. 
Hoje, há uma vaga aberta no tribunal: Dilma ainda não escolheu o sucessor de Joaquim Barbosa, que se aposentou em julho. Outros dois lugares surgirão na primeira metade do próximo mandato da presidente. Em novembro de 2015, Celso de Mello completará 70 anos e deixará a corte por causa do limite de idade. Decano do STF, ele foi indicado em 1989 pelo presidente José Sarney. Em julho de 2016, quem terá de se aposentar é Marco Aurélio Mello, nomeado por Fernando Collor em 1990.
Com exceção de Gilmar Mendes, dos outros dez ministros, três foram escolhidos por Lula: Ricardo Lewandowski, Cármen Lucia e José Dias Toffoli. Sete estarão na conta de Dilma: Luiz Fux, Rosa Weber, Teori Zavascki, Luís Roberto Barroso e os três nomes que ela ainda vai escolher. Dilma ainda poderá substituir outros três ministros em 2018: Lewandowski, Rosa Weber e Zavascki. Eles terão de se aposentar no último ano de mandato da presidente. 
A mudança no perfil do STF se acentuou nos últimos anos. O julgamento do mensalão deixou evidente uma divisão na corte: os ministros mais antigos, inclusive alguns nomeados por Lula, foram mais rigorosos do que os integrantes mais novos do Supremo. O julgamento dos embargos do processo, que favoreceu os condenados e reduziu a pena de figuras como José Dirceu e José Genoino, teve a participação decisiva dos novatos Teori Zavascki e Luís Roberto Barroso.

Durante o julgamento dos embargos, após a absolvição dos réus que haviam sido condenados por formação de quadrilha, Joaquim Barbosa afirmou que os novos nomes foram escolhidos para livrar os mensaleiros: "Temos uma maioria formada sob medida para lançar por terra o trabalho primoroso desta corte no segundo semestre de 2012", disse. Barbosa também fez um alerta: "Sinto-me autorizado a alertar a nação brasileira de que esse é apenas o primeiro passo. É uma maioria de circunstância que tem todo o tempo a seu favor para continuar sua sanha reformadora".

CONGRESSO TÊM FILA DE CASSAÇÕES PARADA

Os deputados André Vargas, Luiz Argôlo e Rodrigo Bethlem
BERLINDA – Da esq. para a dir. os deputados André Vargas, Luiz Argôlo e Rodrigo Bethlem (Rodolfo Stuckert/Rafael Andrade/Folhapress)
Depois de um longo período adormecido pela Copa do Mundo e pelas eleições, o Congresso Nacional retoma os trabalhos nesta terça-feira ainda com a velha composição – e as mesmas pendências. Na contramão das manifestações populares, que pediam a renovação do Legislativo, metade dos parlamentares conseguiu a reeleição. Enquanto a campanha se desenrolou, três deputados flagrados em esquema de corrupção – André Vargas (Sem partido-PR), Luiz Argôlo (SD-BA) e Rodrigo Bethlem (PMDB-RJ) – seguem impunes, uma CPI para investigar o pagamento de propina em contratos da Petrobras está enterrada no Senado e a outra, mista e com a mesma finalidade, continua manipulada pelo Palácio do Planalto. 
A CPI composta por senadores governistas não funciona desde julho, quando foi revelada a farsa montada para ajudar os depoentes, que recebiam de petistas e assessores do governo um “gabarito” com as perguntas que seriam apresentadas. Já a CPI mista, com deputados e senadores da base e da oposição, ainda tenta um último fôlego antes de ser encerrada, mas é mantida sob o controle do governo – durante as eleições, o Planalto atuou para barrar depoimentos que comprometessem a então candidata Dilma Rousseff. Nomes como o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o ex-ministro Antônio Pallocci foram blindados e dificilmente irão parar na tribuna do colegiado. Vaccari é acusado pelo doleiro Alberto Youssef de ser a ponte para levar o dinheiro da propina da Petrobras ao partido, e Pallocci, de acordo com o ex-diretor Paulo Roberto Costa, havia recebido o dinheiro da corrupção durante a campanha da presidente Dilma em 2010.

REDES SOCIAIS AJUDAM A ELEIÇÃO DE CANDIDATOS

Antes mesmo de escolher seus candidatos nas urnas, os eleitores já indicavam seus votos nas redes sociais. Analisando a quantidade de comentários sobre os candidatos em cada estado, é possível ver que o resultado coincide com os estados em que eles receberam a maioria dos votos, com exceção de Tocantins, Rio Grande do Sul, Espírito Santo e Distrito Federal.

As eleições deste ano geraram 674,4 milhões de interações no Facebook, se tornando as eleições mais comentadas na história da rede social. Os comentários foram contabilizados entre o início da campanha, em 6/7, até o final da noite de domingo (26/10).

Apenas o primeiro turno, que atingiu 346 milhões de interações, superou todo o período eleitoral da Índia. Durante o segundo turno, foram lançados 328,4 milhões de comentários na rede, totalizando 23 milhões por dia. Cerca de 59 milhões de pessoas usam o Facebook diariamente, sendo que três em cada cinco eleitores estão na rede.

No dia da votação, o mapa de interações indicou uma preferência mais forte pela presidente Dilma Rousseff (PT) no Rio Grande do Norte, Ceará, Sergipe, Pernambuco e Piauí.

O senador Aécio Neves (PSDB) foi mais citado por Santa Catarina, Mato Grossso do Sul, Mato Grosso, Goiás e São Paulo. Ambos os candidatos venceram nestes respectivos estados.

Confira abaixo quais candidatos foram os mais comentados em cada estado (mapa da esquerda) e em que estados eles foram vitoriosos nas urnas (mapa da direita):

À esquerda, o mapa que revela os candidatos mais citados por estado. À direita, os candidatos que venceram nas urnas em cada local. (Agência Ideal/ Reprodução)
À esquerda, o mapa que revela os candidatos mais citados por estado. À direita, os candidatos que venceram nas urnas em cada local.


Embora no RS, DF e ES Dilma tenha sido o assunto predominante ao longo do dia da votação, Aécio saiu vencedor. Em Tocantins, a situação foi a oposta. Dilma venceu nas urnas, e Aécio nas interações.

PMDB ULTRAPASSA PSDB EM NÚMERO DE GOVERNADORES



Com os resultados do segundo turno, o PMDB pode ser considerado o grande vencedor na disputa pelos governos dos estados. Na votação de ontem, o partido levou a melhor em dois dos maiores colégios eleitorais do país, o Rio Grande do Sul e o Rio de Janeiro. Com isso, a legenda ultrapassou o PSDB como o partido com o maior número de governadores: controla agora sete unidades da Federação, um patrimônio que cobre todas as regiões.

Além de amargarem uma derrota em Minas Gerais, segundo maior colégio do país, os tucanos viram o número de estados controlados pela legenda cair de oito para cinco. Outro elemento central no balanço da disputa pelos governos estaduais foi o aumento na dispersão: ao todo, são agora nove partidos que contam com pelo menos um governador. Em 2010, apenas seis legendas alcançaram o feito. Além dos palanques para a próxima disputa presidencial, o controle dos estados garante aos partidos verbas, cargos e vitrines para criar projetos.

Na disputa do segundo turno, o PMDB conseguiu manter a posição conquistada no Palácio da Guanabara, com a vitória de Luiz Fernando Pezão (55% dos votos válidos) sobre o oponente Marcelo Crivella (PRB). No Rio Grande do Sul, quinto maior colégio eleitoral do país, a legenda emplacou o “azarão” José Ivo Sartori (leia mais abaixo), depois de vencer a disputa com o candidato à reeleição, o petista Tarso Genro. Com 61,2% dos votos válidos, o governador gaúcho eleito foi o mais bem votado no país ontem, proporcionalmente.

Além dos tucanos, outro partido que perdeu terreno foi o PSB do presidenciável Eduardo Campos, morto num acidente aéreo em agosto. Ao migrar para a oposição, a legenda passou de seis estados conquistados em 2010 para um condomínio que se resumirá a três, a partir do ano que vem. Apesar do bom desempenho em Pernambuco — terra de Campos e do avô Miguel Arraes —, onde o partido elegeu o Paulo Câmara como o governador mais bem votado do país (vitória em primeiro turno com 68% dos votos válidos), a legenda encolheu no Nordeste, onde controlará apenas Pernambuco e a Paraíba. O PSB também ganhou o governo do Distrito Federal com Rodrigo Rollemberg.

Para o PT, o quadro ficou estável. A legenda manteve o número de governadores eleitos (cinco) e conservou o controle da Bahia, quarto maior colégio eleitoral do país, com cerca de 7% dos votantes. E, embora tenha sido apeada do governo em dois dos estados que havia conquistado quatro anos atrás (Distrito Federal e Rio Grande do Sul), a legenda da presidente reeleita, Dilma Rousseff, já havia conquistado Minas Gerais, no primeiro turno — resultado especialmente comemorado, por ser o estado do tucano Aécio Neves, rival de Dilma no tira-teima de ontem. No segundo turno, o PT consolidou a posição na Região Nordeste, com a vitória de Camilo Santana, no Ceará, sobre o líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira.

LÍDERES DA AMÉRICA LATINA SAÚDAM REELEIÇÃO DE DILMA

Líderes políticos da América Latina saudaram, nesta segunda-feira (27/10), a conquista de um segundo mandato pela presidenta Dilma Rousseff. Por meio das redes sociais, mandatários da América do Sul e da América Central felicitaram a candidata petista.

“Grande vitória de inclusão social e da integração regional”, escreveu a presidenta da Argentina, Cristina Kirchner, em sua conta no Twitter. Já o presidente do Equador, Rafael Correa, destacou: “Maravilhoso triunfo de Dilma no Brasil. Nosso gigante segue com o Partido dos Trabalhadores. Parabéns, Dilma, Lula, Brasil”.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ressaltou: “Vitória de Dilma no Brasil! Vitória do povo. Vitória de Lula e seu legado. Vitória dos povos da América Latina e do Caribe”. Já o líder de El Salvador, Salvador Sánchez, escreveu: “Dia de festa no Brasil e na América Latina. Nossos povos decidiram seguir construindo seu bem-estar e felicidade”.

O mandatário uruguaio, Tabaré Vásquez, que também disputa eleições em seu país, destacou: “Chegam boas notícias do Brasil, companheiros! Vitória de Dilma”. O governador da província argentina de Entre Rios, Sergio Urribari, escreveu: “Muita alegria pelo triunfo de Dilma. Parabéns a ela, a Lula, ao PT e a todo o Brasil por seguir avançando”.

A embaixadora argentina na Organização dos Estados Americanos, Nilda Garré, considerou a vitória de Dilma “uma notícia muito boa para a continuidade do esforço popular latino-americano”

DILMA REELEITA QUER CONQUISTAR EMPRESÁRIOS

 (REUTERS/Manu Dias/Bahia Government/Handout)
Os escombros ideológicos que dividiram o país, os ricos e os pobres, os nordestinos e os sulistas, os amigos de boteco e até mesmo o almoço de domingo, a partir de hoje, são os cacos de um Brasil que a presidente reeleita Dilma Vana Rousseff, 66 anos, precisará juntar. A nação que ela recebe das próprias mãos, legitimada por 54,5 milhões de votos após uma das eleições mais duras e eletrizantes desde a redemocratização, é um cavalo arisco. Bem mais difícil de montar. “Em 2010, Lula entregou um pôneizinho pacato chamado Brasil para ela passear”, brinca, em tom irônico, um ex-ministro petista. Com o coração embrulhado cuidadosamente pelo marqueteiro João Santana na campanha eleitoral, ela sabe mais do que nunca que o adjetivo “valente”, que pulsa orgulhoso desde os tempos mais tenebrosos da nossa história para vencer a tortura e que venceu um câncer em 2009, terá que se reinventar novamente e seguir firme até 2018.

A “tia”, como é chamada por uma ala petista, que sai das urnas agora comentou com confidentes que a tarefa dos próximos quatro anos é muito mais difícil. Tem repetido para os seus que a missão se tornará menos tortuosa se reconquistar o empresariado, azeitar a máquina pública, aprofundar as transformações sociais brasileiras e, sobretudo, fazer o que ela não tem a mínima paciência: articulação política com os “picaretas de sempre” para que o Brasil caminhe no asfalto liso da governabilidade. 

Em resumo, acreditam alguns petistas, que o slogan de sucesso criado por João Santana para o segundo turno, na verdade, estava manco. Se fosse proibido mentir em propagandas eleitorais, carecia de mais duas palavrinhas mágicas: governo novo, ideias novas e o velho PMDB. “Não basta ter a consciência disso. Ela tem mesmo é que ter paciência e um pouco de boa vontade. Para Dilma, o PMDB e boa parte dos partidos, incluindo até o PT, são formados por alguns picaretas profissionais. Os partidos, no entendimento dela, são feito aqueles namorados em fim de relacionamento que a pessoa não aguenta nem escutar mais a voz”, resume um ex-ministro bastante ligado à dupla Lula e Dilma.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

ECONOMIA: UMA HERANÇA MALDITA DE DILMA PARA DILMA

No segundo mandato, Dilma terá que enfrentar os mesmos fantasmas que cultivou em sua primeira gestão
No segundo mandato, Dilma terá que enfrentar os mesmos fantasmas que cultivou em sua primeira gestão (Cadu Gomes/VEJA)
Reeleita, com 51,64% da preferência do eleitorado, a presidente Dilma Rousseff (PT) terá que encarar, diante do espelho, uma autoimagem nada alentadora: a da deterioração econômica resultante de quatro anos de políticas equivocadas. Terá uma chance de mais quatro anos para transformar sua herança, marcada por atividade fraca, inflação alta e artimanhas fiscais, numa agenda de retomada do crescimento. Os desafios são muitos, e vão desde o reestabelecimento de um equilíbrio das contas públicas, passando pela inversão do déficit nas transações correntes até chegar no alinhamento entre política monetária e fiscal. A estagnação dos indicadores de desigualdade social torna ainda mais urgente a correção dos deslizes.

O problema é que a presidente, até agora, não sinalizou que mudará sua conduta e, mais uma vez vitoriosa, pode entender que teve a chancela do povo brasileiro para seguir adiante com sua estratégia de priorizar a demanda, ou seja, o consumo, em detrimento da oferta. Ainda que ela defenda a bandeira do "governo novo, ideias novas", não há solução mágica: trocar o comando do Ministério da Fazenda não a absolve dos erros cometidos anteriormente, tampouco implica em mudanças automáticas. "Dilma não acredita que a economia parou de crescer em razão de suas políticas mal concebidas, do discurso intervencionista, da visão que de que o Estado é quem deve ser o principal condutor do crescimento. A presidente também não acha que temos um problema fiscal em gestação com o uso desgovernado do crédito público", diz a economista Mônica de Bolle, diretora do Instituto de Estudos de Política Econômica da Casa das Garças