quinta-feira, 26 de março de 2015

GOVERNO TENTA CONVENCER A BASE ALIADA A DEFENDER O PLANALTO


Embora tenha ganhado fôlego até a próxima semana, quando o Senado voltará a se debruçar sobre o projeto que trata da renegociação das dívidas de estados e de municípios, o Planalto ainda precisa equacionar o principal entrave para aprovar o ajuste fiscal: desarmar a base aliada, insatisfeita com as propostas palacianas. Entre economia nos gastos públicos, aumento na arrecadação e potencial crescimento de despesas, os temas em tramitação no Congresso envolvem, até agora, cerca de R$ 56 bilhões. Se forem levados em conta os R$ 75 bilhões que a presidente Dilma Rousseff segura dos ministérios, a cifra sobe para R$ 125,29 bilhões.

Na próxima terça-feira, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, tem uma audiência marcada na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado para apresentar uma alternativa ao projeto de dívidas dos estados — cuja urgência para análise foi aprovada ontem na Câmara — e expor o que os senadores estão chamando de “Plano Levy”: o detalhamento das propostas da equipe econômica para reverter o quadro de recessão no país.

Por enquanto, os aliados ainda não se convenceram. “Eu, como todos os petistas, queremos ver o Brasil crescendo, com o nosso governo liderando esse processo, mas precisamos saber qual é o rumo desse ajuste”, disse o senador Walter Pinheiro (PT-BA). “O Levy é competente, é um homem de mercado e imagino que saiba de onde virão os recursos para os ajuste e para onde eles vão”, completou.

A base quer evitar dar um cheque em branco à equipe econômica. A queixa primordial é que as medidas estão sendo apresentadas a conta-gotas, sem que haja um debate mais aprofundado das consequências das propostas. “Como diz o samba cantado por Chico Buarque, o que estamos vendo são propostas que só afetam a ‘gente humilde’. Se você quer, de fato, fazer um ajuste social — não econômico —, tem que olhar da cobertura até a parte de baixo”, cobrou o senador Paulo Paim (PT-RS), que ameaça deixar o partido se forem aprovadas as medidas provisórias que alteram direitos trabalhistas e previdenciários.

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