domingo, 5 de abril de 2015

BRASIL O PAÍS DAS CIGARRAS TERÁ LONGO INVERNO

A Presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2010
Dilma e Lula, em imagem de 2010, ano em que o PIB cresceu fabulosos 7,6%: sem preocupações(VEJA.com/Divulgação)
Saul Bellow: Aproveita o dia. Goethe, Mae West: Só se vive uma vez (James Bond: Só se vive duas vezes...) James Dean, Gandhi, Steve Jobs: Viva cada dia como se fosse o último. Horácio, dois mil anos atrás: Carpe diem, preocupa-te o menos possível com o amanhã. Nem precisava de tanto incentivo: aproveitar o dia é nossa inclinação natural. É a disposição inata de uma espécie oportunista. Inversamente, resistir às tentações do presente em troca de uma boa recompensa no futuro, isso sim é um hábito que custa aprender. Cálculo de longo prazo, paciência e autocontrole são traços inconfundíveis de maturidade. Adultos - e governos - que não conseguem olhar além do aqui-agora estão condenados a repetir o triste papel da cigarra.
Como se sabe, a cigarra folgou o verão inteiro e foi bater à porta da formiga. Quer comida. Não tem "migalha" alguma para atravessar o inverno porque passou "noite e dia" cantando. "Cantavas? Pois dança agora!", exulta a formiga, pondo fim à fábula atribuída a Esopo, na versão de Bocage para o texto de La Fontaine.
Fim? Talvez não seja o fim. Quem sabe a lição de moral se faça mais clara se a cigarra, como os personagens de Hollywood, tiver uma segunda chance. Por exemplo: a formiga cede e empresta algum grão à cigarra, que aprende a lição e aproveita resto do inverno para traçar um cenário realista de suas necessidades e desenhar um meticuloso plano de ação. Mas chega a primavera, e o apelo da estação é irresistível: a cigarra decide rolar suas dívidas, vem mais um inverno, ainda mais rigoroso, os juros sobem, mais dívidas. A cigarra bola um plano de ajuste fiscal... Ou então: a cigarra aprende, renegocia sua dívida e junta provisões em quantidade suficiente para quitar todos os débitos e atravessar com folga o inverno, por mais rigoroso que seja. Aí mexem no indexador da dívida... Quer dizer: é preciso mais do que boa vontade para romper a sina da cigarra.

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