domingo, 5 de abril de 2015

DENUNCIA DE CORRUPÇÃO PARALISA GOVERNO FEDERAL

Felipe Rau/Estadão - 5/2/15

A lama de corrupção que desgastou o fim do primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff e quase custou sua reeleição, após revelações bombásticas do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e do doleiro Alberto Youssef, se avolumou nos 100 primeiros dias da segunda gestão da petista. A bola de neve dos desvios bilionários na maior estatal do país, impulsionada por novas informações sobre doações de campanha provenientes de propina, causou a paralisia completa do governo e inflamou o desejo oposicionista de tentar o impedimento da presidente. O slogan “governo novo, ideias novas”, repetido exaustivamente durante a campanha eleitoral, foi engolido pelo fantasma da corrupção que tem assombrado o Palácio do Planalto. Em pouco mais de três meses, Dilma ainda patina para se livrar do tormento causado pelos sucessivos escândalos.

Bombardeada por todos os lados e com o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, no centro das denúncias, a presidente decidiu mergulhar logo após a vitória apertada no pleito de outubro do ano passado. Passou calada os 27 primeiros dias do novo governo. Nesse período, a Operação Lava-Jato parecia não ter fim. A cada dia, novas revelações minavam a base aliada do governo. Ao quebrar o silêncio após a eleição, a presidente fez um discurso frio para destacar a atuação da equipe econômica e a necessidade dos ajustes para o Brasil voltar a crescer.

Ao falar sobre corrupção, entrou em rota de colisão com procuradores da República que investigam os desvios na Petrobras, ao mencionar que era preciso combater a corrupção preservando as empresas. “Ser capaz de combater a corrupção não significa, não pode significar, a destruição de empresas privadas. As empresas têm de ser preservadas. As pessoas que foram culpadas é que têm que ser punidas, não as empresas”, disse. Na contramão do discurso presidencial, o Ministério Público Federal ajuizou em 20 de fevereiro cinco ações de improbidade administrativa cobrando a devolução aos cofres públicos de R$ 4,47 bilhões das empreiteiras Camargo Corrêa, Sanko, Mendes Júnior, OAS, Galvão Engenharia, Engevix e de seus executivos. A motivação da devolução são desvios de recursos de contratos surperfaturados da Petrobras investigados pela Operação Lava-Jato. Outras ações, desta vez por formação de cartel, são preparadas.

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