quinta-feira, 18 de junho de 2015

LOBISTA PAGOU IMÓVEL DE ZÉ DIRCEU

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
A Jamp Engenheiros Associados, empresa do lobista Milton Pascowitch, preso em maio durante a 13ª fase da Operação Lava-Jato, pagou parte de um imóvel pertencente ao ex-ministro José Dirceu. Na tarde de ontem, a assessoria do petista informou que, em 2012, a empresa repassou R$ 400 mil aos antigos proprietários da casa que Dirceu utilizava como escritório de consultoria, na Avenida República do Líbano, em São Paulo. O valor repassado pela Jamp é parte de um contrato entre a empresa e a firma de consultoria do ex-ministro, a JD.

Operador da empreiteira Engevix e de outros grupos, Milton Pascowitch pagou, de acordo com dados da Receita Federal, R$ 1,4 milhão a Dirceu. A suspeita dos investigadores é de que as consultorias foram usadas, ao menos em parte, para mascarar pagamentos de propinas de contratos superfaturados com a Petrobras. De acordo com o vice-presidente da empreiteira, Gérson Almada, Pascowitch era o elo da Engevix com o PT.

Os indícios de irregularidades ou suspeitas de lavagem de dinheiro na compra do imóvel foram levantados porque o valor em questão não havia passado pelas contas de José Dirceu ou da JD Consultoria. Gérson Almada disse, em depoimento prestado na 13ª Vara Federal de Curitiba, em 17 de março, que fez pagamentos a Pascowitch, que trabalhava para o estaleiro ERG, vinculado à empreiteira. Os recursos, de acordo com o empresário, eram para atender o PT.

A Polícia Federal suspeita que Pascowitch pagava propinas no esquema de corrupção da petroleira. “O Milton veio falar: ‘Olha, Gérson, acho que você precisa manter um relacionamento com o partido, você precisa manter um relacionamento com um partido, você precisa manter um relacionamento com o cliente e eu me proponho a fazer isso”, declarou o executivo.

Almada disse ainda que Pascowitch indicou os serviços do ex-ministro à Engevix. O executivo atestou que Dirceu prestou serviço no exterior e era um “brilhante open door”, ou “abridor de portas” em “vendas em toda a América Latina, Cuba e África”, locais onde o ex-ministro “tinha um capital humano de relacionamento muito forte”.

Outro lado

Em nota encaminhada ao Correio, no fim da tarde de ontem, o ex-ministro, por meio de sua assessoria de imprensa, disse refutar com veemência “qualquer ilação de prática de crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação patrimonial”. No comunicado, a assessoria explica a negociação: “O imóvel da Avenida República do Líbano foi adquirido, em 2012, conforme consta das declarações de renda do ex-ministro apresentadas à Receita e em posse da Justiça Federal do Paraná. Os antigos proprietários, intimados pela Justiça a falar sobre a venda do imóvel, confirmaram a legalidade da negociação e o recebimento integral no montante de R$ 1,6 milhão, conforme estabelecia o contrato entre as partes e seus representantes”.

O político explicou que a aquisição da casa se deu por meio de entrada no valor de R$ 400 mil e o restante financiado em 161 parcelas mensais junto ao Banco do Brasil. “Como corretamente aponta o relatório da Receita Federal, os R$ 400 mil não passaram pelas contas bancárias do ex-ministro nem da JD Assessoria e Consultoria porque foram pagos, como parte do contrato, pela Jamp Engenharia diretamente ao então representante do espólio do imóvel, o escritório de advocacia Leite & Rossetti”, finalizou

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