domingo, 14 de junho de 2015

MINISTRO DA DEFESA APOSTA EM RENOVAÇÃO NO PT

 Breno Fortes/CB/D.A Press


Considerado um dos homens fortes do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff, o ministro da Defesa, Jaques Wagner, não se omite ao afirmar que o PT precisa esperar os resultados do ajuste fiscal para criticar a política econômica do governo. Afirma que, em economia, as coisas levam tempo para acontecer, mas quem é da base tem que apoiar. “Quem é oposição vive do microfone. Quem é situação vive da realização. Você tem que torcer (para) que dê certo. Dando certo, todo mundo bate palma”, afirmou ele, em entrevista exclusiva ao Correio.

Incisivo e conciliador ao mesmo tempo, defende a atuação do vice-presidente Michel Temer na coordenação política do governo. “O que eu queria? Aliviar as tensões? Aliviaram? Então foi um bom resultado”. Afirma que o atual presidente da Câmara tem assumido um protagonismo político e colocado matérias importantes para votar, mesmo que isso desagrade o governo. “Se o governo quiser ganhar, tem que garantir sua maioria”.

Crítico, Wagner se preocupa com a atual fragmentação partidária, dizendo que o Congresso caminha para ter 513 partidos políticos, com cada deputado sendo dono do próprio mandato, o que inviabiliza a democracia. Especulado como um dos candidatos do PT ao Planalto em 2018, Wagner se esquiva, já que o ex-presidente Lula é o nome mais citado. Na Bahia, contudo, ele próprio apostou na renovação ao escolher o chefe da Casa Civil Rui Costa (52 anos) para concorrer com Paulo Souto (72). Confira a seguir os principais trechos da entrevista.


O governo já definiu o que fazer com a mudança das regras do Fator Previdenciário?
Não se bateu ainda o martelo. Se for para o populismo, não veta. Se for para ter fatura política imediata, joga para a galera. Se você for perguntar para a oposição, em off, ela vai dizer que é suicídio, porque ela sabe que é. É só fazer conta. Quem já foi governo sabe que tem que ter um equilíbrio, senão, daqui a 40, 50 anos, vai acontecer como na Europa, cortando metade da aposentadoria de todo mundo, senão quebra.

O ajuste ainda pesará muito no mau relacionamento entre o governo e o PT?
Uns acham que é aperto demais, outros acham que é aperto de menos. Uns acham que o 1,2% (meta de superavit primário) é exagerado. São as opiniões que, felizmente, todo mundo tem. Na hora que a gente colher o resultado, no fim do ano ou no ano que vem, se der certo, vão dizer que ela é gênia. Se o que ela previu der errado, vão dizer: viu o que nós dissemos? Economia não tem essa previsibilidade toda.

O ajuste está no ritmo certo?
Ela está fazendo o que acredita, o que acha necessário na economia. Ela optou por um caminho. Eu insisto em dizer que quem optou foi ela. O Levy (Joaquim Levy, ministro da Fazenda) é o operador de uma política. Uma vez, o Meirelles (Henrique Meirelles, ex-presidente do Banco Central) disse uma coisa que eu guardei: a gente vai medir as coisas pelo resultado. Ninguém sabe se eu estou certo ou errado hoje. Vai saber só amanhã. Quando você faz um movimento na economia, tem um tempo para percorrer. Mas é óbvio que existe dentro do PT uma insatisfação

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