domingo, 23 de agosto de 2015

O ÊXODO DOS BASILEIROS

A família do publicitário Dijan de Barros Rosa, de 38 anos, não via a hora de embarcar para Vancouver, no Canadá, em janeiro deste ano. Mas, ao contrário da maioria dos brasileiros que viajam para esse país de férias, a aventura de Dijan, sua mulher Ana, 36, e as filhas Eduarda, 12 e Helena, 10, tinha data para começar, mas não para acabar. De mala nas mãos, eles abandonaram a cidade em que viviam, São Paulo, tudo o que haviam construído e partiram para uma nova vida. O fator que impulsionou a emigração foi um estado de insatisfação geral. “Viemos por conta da situação atual do País. Eu não tinha segurança de sair de casa sem saber se seríamos assaltados”, diz o publicitário. Gerente de vendas de uma indústria de tintas nos últimos cinco anos, ele pediu demissão, mesmo recebendo um bom salário, e arriscou tudo para dar um futuro melhor para as filhas. “Decidi investir na qualidade de vida da minha família.” Assim como Rosa, muitos brasileiros estão deixando sua terra natal em busca de um cenário mais promissor. São jovens profissionais, casais e famílias acuados diante da recessão econômica, dos índices de criminalidade elevados e do alto custo de vida e desiludidos com os infindáveis escândalos de corrupção.
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Segundo dados da Receita Federal, entre 2011 e 2015 houve um aumento de 67% no total de Declarações de Saída Definitiva do País, o documento apresentado ao Fisco por quem emigra. Em 2011, a Receita recebeu 7.956 declarações. No ano passado, foram 13.288, o que representou um crescimento de 14,7% de 2013 a 2014. Apesar de expressivo, esse número é apenas uma amostra da emigração real de brasileiros. “Para cada um que sai legalmente, há outro que não prestou contas para a Receita”, diz Gilberto Braga, professor de Finanças do Ibmec do Rio de Janeiro. O índice reflete, no entanto, a saída de uma elite financeira e cultural, pessoas com bom nível econômico e profissional, que não precisam emigrar ilegalmente. “Está crescendo o contingente de gente qualificada que sai do País. Isso é uma perda inestimável para o Brasil, pois estamos deixando sair profissionais que estudaram e se formaram aqui”, diz Braga. “E estamos doando essa qualificação para nações estrangeiras.

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