segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

O TERRÍVEL AVANÇO DO ZIKA VIRUS

zika virus (Foto: FÁBIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO)
Em meados de agosto, o obstetra Orlando Gomes Neto notouanormalidades nas ultrassonografias de algumas pacientes grávidas. A cabeça dos fetos era menor que o esperado. Gomes Neto coordena um dos mais respeitados laboratórios de medicina fetal no Recife. Outros colegas começaram a identificar casos parecidos, que não se encaixavam no diagnóstico de doenças conhecidas. Na investigação com as mães, os médicos descobriram que 70% delas haviam tido, no primeiro trimestre da gravidez, febre, dores e manchas vermelhas no corpo. Por dois meses, acompanharam essas pacientes e descobriram novos casos, informados à Secretaria de Saúde do Estado. Pela primeira vez na carreira, Gomes Neto não tinha respostas nem para orientar as pacientes nem para acalmar sua própria mulher, hoje grávida de sete meses. “Como médico, tinha de pensar racionalmente para cuidar melhor das gestantes. Como pai, estava extremamente apreensivo”, diz. Em novembro, ele recebeu uma ligação com o relato que espalharia por famílias do país inteiro a apreensão que ele já sentia.
>> O que é o Zika vírus

A obstetra Adriana Melo, em Campina Grande, Paraíba, contou a ele que havia identificado o mesmo problema em duas gestantes entre a 22ª e 23ª semanas de gravidez, em outubro. As imagens dos cérebros das crianças mostravam manchas brancas, uma resposta do organismo diante de uma infecção por vírus. Naquele mês, Adriana entrou em contato com a Secretaria de Saúde da Paraíba. Disse desconfiar que as gestantes tinham sido infectadas pelo vírus zika e que era urgente fazer um exame invasivo, chamado cariótipo, em que se coleta material de dentro da placenta. A médica tentou tratar do assunto com um colega da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), sem sucesso. “Não entendia por que não respondiam a meus e-mails e minhas ligações. Ou não acreditaram em mim, ou ninguém tinha pensado em fazer o exame invasivo para confirmar, ou ninguém queria falar sobre o que estava acontecendo”, diz

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