domingo, 31 de janeiro de 2016

DEPOIMENTO DE DIRCEU NA LAVA JATO PREOCUPA P.T.


Heuler Andrey/AFP

O depoimento do ex-ministro José Dirceu à Justiça Federal do Paraná, marcado para sexta-feira (30/1), em Curitiba, se transformou em mais um motivo de preocupação para a cúpula do PT. O temor é de que, para se defender das acusações de corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, Dirceu aponte o partido como responsável por indicações na Petrobras, o que abriria um novo flanco de investigação contra dirigentes e ex-dirigentes petistas.Até a quarta-feira, 27, era consenso no PT que Dirceu não incriminaria diretamente outros nomes. Ao apontar o partido como responsável pelas indicações, ele apenas colocaria em prática uma nova estratégia de defesa, avaliavam os petistas. No entanto, o depoimento do ex-ministro poderá, nesse caso, abrir um novo caminho para a investigação relativa ao partido.
Outro temor é de que Dirceu utilize um de seus ex-assessores e amigos que também são alvos da operação para apontar novos nomes. Esse receio cresceu nos últimos dias após o depoimento do empresário Fernando Moura, conhecido no partido pela sólida amizade com José Dirceu. Na última sexta-feira (22/1), Moura, réu da Operação Lava Jato, disse que pagou propina para o PT e que seus contatos sobre valores ilícitos foram feitos com o ex-secretário-geral do partido Silvio Pereira e com o ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque - preso desde abril do ano passado.
"Qualquer coisa que fiz a nível de partido, de conversa, foi feito através do Sílvio Pereira", afirmou Moura em depoimento prestado no âmbito da mesma investigação na qual Dirceu será ouvido na quinta-feira.
Interrogado pelo juiz federal Sérgio Moro, como réu no processo do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (gestão Lula), o lobista apontou contratos da Petrobras - obras de gasodutos, plataformas - em que ele diz ter feito acertos envolvendo Sílvio Pereira e Duque e que tinham o PT como beneficiário. Ele ainda citou os diretórios como receptores. "Porcentagens de valores de comissão (iam) para o diretório nacional e diretório estadual de São Paulo", afirmou Moura. "Isso, tanto com o senhor, quanto o Sílvio?", questionou um dos procuradores na audiência. "Tenho certeza de que o Sílvio conversou comigo e com o Renato (Duque) também (sobre porcentuais)", disse Moura. O procurador insistiu: "O senhor conversou com os empresários sobre isso também?"
"Não. Os empresário eu não tive nenhum contato. O contato era direto com o Sílvio", respondeu afirmativamente Moura, que fechou acordo de delação com a Lava Jato. Em outro ponto, Moura foi questionado diretamente sobre o ex-ministro. "Com relação aos recebimentos de José Dirceu, o senhor tinha participação, alguma vez coletou valores em espécie em favor dele?" "Nada. E nunca negociei com o Zé, direto, de dinheiro de nada
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