quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

LULA FACILITOU A VIDA DE COLLOR NA BR DISTRIBUIDORA

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Lula, chocado com a situação em Alagoas(Douglas Magno/VEJA)
Em depoimento prestado em acordo de delação premiada, o ex-diretor internacional da Petrobras Nestor Cerveró relatou à força-tarefa da Operação Lava Jato que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva agendou uma reunião entre o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) e a diretoria da BR Distribuidora em 2010 em que Collor teria atuado pela concessão de um crédito de 1 bilhão de reais a usinas de álcool de Alagoas.
Na ocasião, Collor reuniu toda a diretoria da BR para intermediar uma transação envolvendo a compra de álcool de uma safra antecipada de usinas do Estado. Na prática, a operação foi interpretada como uma concessão de crédito a usineiros. O senador justificou a medida em razão de "uma grande enchente que havia acometido Alagoas". O senador petebista chegou a classificar o usineiro João Lyra como "altruísta" por supostamente estar ajudando na recuperação dos prejuízos causados pelas enchentes em Alagoas. Collor teria dito que levou Lula para conferir a situação no Estado por causa das chuvas e que o ex-presidente ficou 'chocado'.
O negócio não foi concretizado, afirmou Cerveró, mas na sequência Lyra recebeu um empréstimo de 50 milhões de reais do Banco do Brasil por meio de uma usina de etanol em situação de falência em Alagoas. Ex-deputado do PSD alagoano e aliado político de Collor, Lyra é empresário em Alagoas e pai de Thereza Collor, que foi casada com Pedro Collor de Mello (morto em 1994), irmão do senador.
O repasse do dinheiro, segundo Cerveró, irritou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). O delator disse que Renan vinculou o financiamento à campanha de Collor no Estado. Cerveró relatou aos investigadores que foi cobrado pessoalmente pelo presidente do Senado sobre a concessão do empréstimo a João Lyra. Ele não soube informar quais foram as condições do contrato de empréstimo. À época ele era diretor na BR Distribuidora e dizia que quem dava as cartas na empresa era Collor.
"Sobre esse fato [empréstimo de 50 milhões de reais] o declarante [Cerveró] foi chamado por Renan Calheiros a fornecer explicações. O declarante se reuniu no gabinete de Renan Calheiros no Senado Federal. Na ocasião, Renan Calheiros perguntou: 'Nestor, eu soube que você concedeu R$ 50.000,000,00 (cinquenta milhões de reais) ao João Lyra'. Renan Calheiros demonstrava estar chateado com a situação", diz trecho da delação. "O declarante então explicou que a BR Distribuidora não havia concedido o financiamento em questão. O declarante explicou que o Banco do Brasil havia concedido o financiamento. Renan Calheiros afirmou: 'Ah, agora eu entendi, então é por isso que a campanha do Collor está deslanchando'. O declarante entendeu com isso que o dinheiro do financiamento havia sido usado na campanha de Fernando Collor de Mello em Alagoas."

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