sexta-feira, 11 de março de 2016

FUTURO DE DILMA DEPENDE DA CONVENÇÃO DO PMDB

A presidente Dilma Rousseff e o presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL)
A exemplo do que aconteceu no início do ano passado, Renan Calheiros já dá sinais a políticos próximos de que pode voltar a constranger o Planalto(Pedro Ladeira/Folhapress)
Tradicional fiel da balança nas disputas em torno do governo Dilma Rousseff, o PMDB no Senado ameaça sair dessa posição de equilíbrio e adotar um lado - o que não é boa notícia para o Palácio do Planalto. Nas conversas internas, chamam atenção as declarações cada vez mais críticas sobre a gestão da presidente e o sentimento cada vez mais pessimista sobre a capacidade de recuperação da economia se não houver uma mudança urgente no cenário político. Ganhou peso entre os senadores um outro componente: ao deliberar sobre o rito do impeachment no fim do ano passado, o Supremo Tribunal Federal ampliou o poder do Senado na condução desse tipo de processo - e os congressistas começam a sentir pressão vinda de suas bases eleitorais.
Nas palavras de um peemedebista, a percepção é a de que a decisão jogou no colo dos senadores na definição dos rumos do país. E o cenário não é nada favorável ao governo: "Se o impeachment passar na Câmara, ninguém segura. A Dilma não é mais candidata, mas nós devemos satisfação a nossos eleitores e estamos com o mandato em risco. Votei treze anos junto com o PT, mas sacrifício tem limite", diz um senador do partido.
Alastrou-se no PMDB do senado o sentimento de que Dilma Rousseff perdeu as rédeas do país e não tem condições de encontrar saídas quer para a crise política, quer para a crise econômica. "O políticio, como tudo na vida, tem um instinto de sobrevivência. Ou o PMDB toma um rumo ou vai para o mesmo caminho do governo", diz um peemedebista.
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No próximo sábado, o PMDB realiza convenção para reconduzir Michel Temer ao comando do partido. O evento, no entanto, promete também ser palco para ataques ao governo de Dilma Rousseff, puxados principalmente por deputados "rebeldes" - principalmente os do Rio Grande do Sul e da Bahia. Eles prometem apresentar moções em defesa do rompimento da aliança entre a legenda e o Planalto. Se antes a esperança do governo era a de que senadores em peso agissem para blindar o Planalto, agora poucos são apontados como escudos fieis do governo.
Nesta quinta-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou a assumir a função de bombeiro e saiu em defesa do governo. "O PMDB deve fazer sua convenção com muita responsabilidade, porque qualquer sinalização que houver com relação ao nosso posicionamento pode aumentar a crise", afirmou.
O proprio Renan, contudo, ocupa hoje posição mais ambígua em relação ao governo do que até recentemente. A exemplo do que aconteceu no início do ano passado, quando passou a acreditar que o governo tentava empurrá-lo para a linha de tiro da Lava Jato, o peemedebista dá sinais a políticos próximos que pode voltar a constranger o Planalto. Ele parece ter se convencido de que Dilma e seus auxiliares não têm mesmo qualquer capacidade de influir nos rumos da investigação, da qual ele é um dos alvos. "Renan fez um movimento para frear o impeachment no Congresso, e ganhou a gratidão de Dilma. Mas não vai morrer abraçado a ela. Renan já percebeu que não se controla a Lava Jato", diz um peemedebista.
Na noite de quarta-feira, uma reunião entre caciques do PMDB e do PSDB chamou atenção: em jantar, o presidente Renan Calheiros, o líder do PMDB Eunício Oliveira (CE) e o senador Romero Jucá (RR) sentaram à mesa com tucanos de peso, entre eles Aécio Neves (MG), adversário de Dilma nas últimas eleições. Ao fim do encontro, afirmaram que "vão trabalhar juntos para encontrar uma saída" para o país. O Planalto, claro, ficou de cabelos em pé com a surpreendente parceria

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