sábado, 14 de maio de 2016

A SOLIDÃO DE QUEM PERDEU O PODER


TCHAU, QUERIDA EM TRÊS ATOS Ao lado de Jaques Wagner, no Alvorada
TCHAU, QUERIDA EM TRÊS ATOS
Ao lado de Jaques Wagner, no Alvorada (Crédito:Adriano Machado/REUTERS)
Se o poder é solitário, como diz a célebre frase, o fim dele pode ser ainda mais eremítico. Assim transcorreram os dias que antecederam a oficialização do afastamento de Dilma Rousseff, na quinta-feira 12. Em um cenário oposto ao da noite de votação do impeachment na Câmara, quando ainda nutria alguma esperança de se manter no poder, na quarta-feira 11 Dilma dirigiu-se para o Palácio da Alvorada completamente sozinha, a fim de acompanhar a sessão do Senado que selaria o seu destino. No dia seguinte ao do resultado funesto, a presidente foi tomada por um mau humor indisfarçável. Pudera. A quinta-feira 12 pode ter sido o último dia de Dilma no comando do País. Caso o Senado sacramente em até 180 dias seu impedimento, o fim será irremediável. Pela manhã, pouco depois das 10h, ao saber que o senador Vicentinho Alves (PR-TO) estava perto de chegar com a intimação comunicando a instauração do processo de impeachment por crime de responsabilidade, Dilma convocou todos os ministros que estavam no corredor do 3º andar do Palácio do Planalto para o seu gabinete. Tão logo o documento foi assinado, o ministro Miguel Rossetto ensaiou uma salva de palmas. Pela trapalhada, recebeu uma reprimenda da chefe na frente dos colegas. A segunda bronca foi dedicada ao chefe de gabinete e ex-ministro Jaques Wagner, porque este insistiu que ela não deveria exonerar seus ministros. “Presidenta, deixe esse constrangimento para Temer, a fim de reforçar a tese do golpe”, sugeriu. Dilma não só não concordou, como o censurou imediatamente.

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