sábado, 25 de junho de 2016

EX GOVERNADOR DO RIO NA SOMBRA DO PODER

Numa noite calma no Leblon, bairro que tem o metro quadrado mais caro do Rio de Janeiro, o ex-governador Sérgio Cabral caminha, discreto, em direção ao prédio onde mora. Àquela hora, pouco depois das 22 horas, não há muita gente na rua. Dois homens, não se sabe se amigos ou seguranças, o acompanham. No auge das manifestações ocorridas no Rio, em 2013, aquela era uma das regiões mais conturbadas da cidade, uma Faixa de Gaza para Cabral. Havia ali um acampamento, o “Fora, Cabral”, que pedia sua renúncia. Confrontos entre policiais e manifestantes eram frequentes a ponto de lojas fecharem e agências bancárias serem depredadas. Durante aquele período tenso, Cabral e sua família nem podiam pensar em caminhar até o imóvel. Três anos depois, sem o peso do cargo, Cabral caminha quase incógnito.
 
Sérgio Cabral ex governador do Rio de Janeiro (Foto: André Arruda/ Editora Globo)
Há pouco menos de um ano, Cabral bate ponto diariamente numa sala em um prédio comercial a duas quadras de sua casa. Lá fica a Objetiva Gestão e Comunicação Estratégica, empresa que criou em janeiro de 2015. Em setembro, o ex-governador acrescentou ao cardápio de negócios da Objetiva as atividades de consultoria em compra, venda, fusão e aquisição de empresas. Cabral não revela seus clientes. Divide seu tempo entre a consultoria – uma das atividades preferidas de políticos sem mandato – e conversas com políticos. Cabral foi um dos articuladores da debandada do PMDB para a turma pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff. Um de seus filhos, e herdeiro político, o deputado federal Marco Antônio Cabral, de 25 anos, votou a favor da abertura do processo de afastamento de Dilma, que até recentemente era aliada de Cabral.

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