sábado, 27 de agosto de 2016

BATE BOCA E BAIXARIA NO SENADO FEDERAL

Minervino Junior/CB/D.A Press
O Senado atingiu ontem o nível mais baixo no debate político desde a abertura do processo de impeachment da presidente afastada, Dilma Rousseff. Um bate-boca generalizado, que começou novamente após um entrevero entre os senadores Lindbergh Farias (PT-RJ) e Ronaldo Caiado (DEM-GO), levou o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a pedir a palavra para acalmar os ânimos. Em vez disso, ele riscou o fósforo e o plenário explodiu de vez.

Renan criticou a postura da petista Gleisi Hoffmann (PT-PR), por ter dito três vezes, ao longo dos últimos dois dias, que o Senado não tem moral para julgar Dilma Rousseff. “Ela não pode dizer isso, quem não tem moral é ela. Essa não é uma Casa de doidos”. Alguém lhe soprou no ouvido que isso incendiaria o circo. Renan não recuou.

“Como uma senadora pode fazer uma declaração dessa? Exatamente uma senadora que conseguiu, há 30 dias, que o presidente do Senado Federal conseguisse, no Supremo Tribunal Federal, desfazer o seu indiciamento e do seu marido.” Em 23 de junho deste ano, o marido da senadora, o ex-ministro do Planejamento Paulo Bernardo, foi preso na Operação Custo Brasil, um desdobramento da Lava-Jato, acusado de montar um esquema de fraudes na liberação de créditos consignados que teria desviado cerca de R$ 100 milhões.


Gleisi se exasperou. Disse que era mentira. Lindbergh encostou em Renan, e o presidente do Senado pediu para que o petista tirasse a mão do ombro dele. Assustado, o presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowski, que comanda a sessão do impeachment, resolveu antecipar a pausa para o almoço para que os senadores esfriassem a cabeça. “Vou utilizar meu poder de polícia para exigir o respeito muito”, disse o presidente do Supremo.


“Achei desproporcional as palavras da senadora Gleisi. Mas admito que também me excedi”, disse Renan, no fim da tarde. “O que os deixa irritados é que estamos chegando até o fim do processo e eles não conseguem descobrir como me posicionarei. E não direi. Não gosto de me explicar, prefiro que me interpretem”, filosofou.

O presidente do Senado repetiu a menção que fizera a Nelson Rodrigues na intervenção. Só que, desta vez, remeteu-a ao contexto do prolongamento do embate político na Casa. “A burrice é infinita. Por isso ele dizia que queria ser burro, para ser mais feliz. Esse embate político não está levando a nada, eles não estão ganhando nenhum voto. Pelo contrário, estão perdendo”, completo
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