quinta-feira, 3 de agosto de 2017

A ESTRATÉGIA DE TEMER PARA SE LIVRAR DA DENÚNCIA

Ed Alves/CB/D.A Press
 
Mesmo com o pior índice de popularidade já registrado por um presidente desde a redemocratização do país, com apenas 5% da população considerando a gestão ótima ou boa, segundo pesquisa mais recente da CNI/Ibope, Michel Temer mostrou ontem, com a vitória no plenário da Câmara dos Deputados, o peso da experiência de ter sido presidente da Casa por três vezes. 

As estratégias foram as mesmas da ex-presidente Dilma Rousseff para tentar segurar a admissibilidade do impeachment: troca de integrantes na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), emendas liberadas de última hora, distribuição de cargos e ministérios, corpo a corpo e muitas promessas. Entretanto, a diferença no resultado, segundo parlamentares que integravam a base de Dilma e estão com Temer, foi a cabeça de parlamentar do chefe do Executivo.

Nas últimas semanas, Temer preencheu a agenda com reuniões com parlamentares, ouviu pleitos com atenção e fez o possível para atendê-los. Na noite anterior à votação, o presidente foi pessoalmente a um jantar na casa do vice-presidente da Câmara, Fábio Ramalho (PMDB-MG), para conversar com correligionários e pedir apoio. Ao chegar, o elevador do bloco G da 111 Sul estava quebrado. Sem pensar duas vezes, o presidente, aos 76 anos, subiu os seis andares pelas escadas.

Diferenças

Para o deputado Rogério Rosso (PSD-DF), a ação exemplifica o esforço de Temer para convencer os aliados. “Só nesses últimos dias, Temer subiu dezenas de degraus e conseguiu, pelo menos, uns 50 votos. Ele não terceirizou o contato como a Dilma fez. Isso faz toda a diferença. Ele tem cabeça de parlamentar.”

Também integrante de um dos partidos do centrão, que garantiram o impeachment de Dilma e o apoio a Temer, o deputado Fausto Pinato (PP-SP) comenta que a grande diferença é que Dilma tinha incompetência política e administrativa. “Naquela época, o país não tinha mais batimentos cardíacos. Hoje, até quem é contra o Temer vota com ele porque quer manter a estabilidade política e econômica do país”, acredita.

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