sábado, 6 de janeiro de 2018

PIVÔ DO MENSALÃO VOLTA AO PALCO DA POLÍTICA NACIONAL

O ex-deputado Roberto Jefferson (Foto: Jorge William /Agência O Globo)
Na tarde da quarta-feira, 3 de janeiro, a deputada federal Cristiane Brasil estava no aeroporto de Fernando de Noronha. Ela embarcava de volta para o Rio de Janeiro após as festas de fim de ano, quando seu celular tocou. Do outro lado da linha era seu pai, o ex-deputado Roberto Jefferson. Sem meneios, ele perguntou se ela gostaria de se tornar ministra do Trabalho, cargo que estava vago desde a saída, uma semana antes, do deputado federal Ronaldo Nogueira, do PTB do Rio Grande do Sul. Depois de ouvir o sim da filha, Jefferson tomou a iniciativa de telefonar para o deputado Jovair Arantes, de Goiás, líder da bancada do PTB na Câmara, que curtia a tarde na praia de Porto de Galinhas, no litoral pernambucano. Queria a anuência de Jovair para a escolha de Cristiane, que, num galope final, desbancou políticos tidos como favoritos ao cargo. Segundo Jefferson, o nome dela foi uma sugestão feita pelo próprio presidente, Michel Temer, durante uma reunião no Palácio do Jaburu que contou também com a presença do ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha.
Nesse rito sumário, Cristiane, que foi citada por dois delatores da Lava Jato em negociações para a compra de apoio político e recebimento de caixa dois em campanha, virou a nova titular da Pasta do Trabalho. “Na minha frente, o Temer mandou fazer o ato [de nomeação], que no dia seguinte já estava publicado”, relata Jefferson, pai orgulhoso. Apesar de negar qualquer gestão pessoal para que Cristiane fosse a escolhida, Jefferson antes já havia pleiteado a nomeação da filha para o Ministério da Cultura. A preferência de Temer acabou recaindo, porém, no jornalista Sérgio Sá Leitão. Ao anunciar a nomeação de “Cris”, a mais velha de seus três filhos, Jefferson chorou diante das câmeras, bem a seu estilo performático, uma herança dos tempos de apresentador de TV na década de 1980. Com as ênfases tonais, as pausas dramáticas e o domínio gestual que lhe são característicos, disse que aquilo era um “resgate”, por tudo que havia sofrido desde que se tornara pivô do escândalo do mensalão

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