- A Polícia Federal prendeu nesta segunda-feira o ex-presidente da BRF Pedro Faria e mais 10 pessoas em nova fase da operação Carne Fraca, que investiga irregularidades na análise sanitária de produtos alimentícios e que contou ainda com mandados de condução coercitiva de outras 27 pessoas.
Faria foi presidente da BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, entre 2015 até o final do ano passado, em uma reformulação da administração da empresa que teve o presidente do conselho de administração da BRF, Abilio Diniz, como um dos principais promotores.
Os mandados envolvem prisões temporárias. Além de Faria, foi preso Hélio dos Santos Júnior, que na semana passada renunciou do posto de vice-presidente de operações globais.
A BRF é a maior exportadora de carne de frango do mundo e desde o início da operação Carne Fraca, no começo de 2017, os resultados da companhia têm sido atingidos pelo escândalo, que impactou as exportações do Brasil já que vários países, incluindo a China, suspenderam temporariamente importações de produtos de proteína animal do Brasil.
As ações da BRF despencavam quase 19 por cento às 15h56, enquanto o Ibovespa tinha alta de 0,32 por cento. A rival JBS recuava cerca de 5 por cento.
Segundo o delegado da PF encarregado das investigações, Maurício Moscardi Grillo, a BRF não tomava todos os cuidados sanitários necessários, e executivos da companhia tinham conhecimento dos fatos.
O delegado disse em entrevista que provas e emails coletados indicam que as fraudes foram cometidas entre 2012 e 2015, com intervenção de gerente da BRF no cadastramento de laboratório que fraudaria as análises da qualidade dos alimentos para a empresa.
"O controle de qualidade da empresa, bem como executivos ligados à empresa em todas as áreas hierárquicas, do seu presidente até o gerente de controle de qualidade, tinham conhecimento dos fatos que aconteciam", afirmou o delegado.
Os emails incluem troca de mensagens de uma ex-funcionária do grupo que afirma ter sido pressionada por superiores para alterar resultados de análises laboratoriais, disse o juiz André Wasilewski Duszczak em despacho que autorizou a operação desta segunda-feira.
Além de trocas de resultados de análises, o coordenador-geral de inspeção de produtos de origem animal do Ministério de Agricultura, Alexandre Campos da Silva, acrescentou que houve omissão da presença da bactéria salmonela em produtos da companhia e que as fraudes cometidas colocam em risco a exportação de carnes do Brasil.
Na ação desta segunda-feira, chamada Operação Trapaça, agentes da PF cumprem um total de 91 mandados judiciais nos Estados de Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Goiás e São Paulo
Nenhum comentário:
Postar um comentário