sexta-feira, 11 de maio de 2018

INDEFINIÇÃO DO P.T. PÕE EM RISCO A UNIDADE DA ESQUERDA

O governador do Maranhão 
O primeiro mês da prisão de Luiz Inácio Lula da Silva mostrou o nível de sua importância para o PT. Com o ex-presidente fora de cena, algumas das principais lideranças do partido começaram a bater cabeça em público, em um debate que gira em torno do que fazer nas eleições diante da situação de Lula. É uma discussão que afeta o PT em várias dimensões.
O entrevero começou com uma declaração de Jaques Wagner, ex-governador da Bahia, a respeito da possibilidade de o PT apoiar Ciro Gomes (PDT), uma vez que Lula, condenado em segunda instância, deve ser barrado pela Justiça Eleitoral. “Pode [apoiar Ciro]. Sempre defendi que, após 16 anos, estava na hora de ceder a precedência. Sempre achei isso”, afirmou.
O comentário foi rechaçado de pronto, por figuras como o deputado Paulo Pimenta (RS), líder do PT na Câmara; Luiz Marinho, candidato do partido ao governo de São Paulo, e a senadora Gleisi Hoffmann, presidente do PT. Segundo a Folha de S.Paulo, Gleisi teria ironizado o comentário de Wagner. “Mas ele não sabe que o Ciro não passa no PT nem com reza brava?”, disse ela segundo o jornal.
O atual governador da Bahia, Rui Costa, aparentemente tentou apaziguar os ânimos, mas, ao afirmar que só Lula pode decidir o que fazer, desprezou a condição de Gleisi de presidente do partido. “Acho que nenhum de nós, nem governador nem presidente do PT tem, nesse momento, legitimidade nem autoridade para discutir qualquer alternativa”, afirmou.
A chave para entender a questão foi expressa pelo próprio Ciro Gomes. “É preciso esperar o tempo do PT”.
A estratégia imediata do partido é manter o discurso de que Lula é alvo de um processo meramente político e de que há possibilidade de ele ser candidato. De fato, o PT poderá inscrevê-lo no pleito, mas é certo que a Justiça Eleitoral vai barrá-lo, com base na Lei da Ficha Limpa. Isso só deve ocorrer, por conta dos prazos legais da eleição, em meados de setembro, ou seja, 20 dias antes do primeiro turno. E aqui está o “tempo do PT”.
O partido precisa arrastar a esperança da candidatura de Lula não só pela fidelidade ao ex-presidente, mas porque ele é o principal cabo eleitoral de seus candidatos, principalmente aqueles que disputam os cargos de deputados estaduais e federais.
Quanto mais os petistas puderem atrelar sua candidatura à de Lula, maior a chance de sucesso no pleito. Para muitos petistas, ser candidato ao lado de Ciro, de Jaques Wagner ou de Fernando Haddad teria um peso muito menor e, a depender do caso, até prejudicial. Assim, abrir mão de Lula agora seria, além de “abandonar” o líder, retirar do partido seu principal trunfo junto ao eleitorado

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